31 dezembro 2009

Bloqueio de Escrita

Na ânsia por escrever, atualizar o blog, brindar meus caríssimos amigos e/ou leitores com novos textos, experimentei ontem uma amostra da angústia pela qual passa um escritor profissional. Se eu, um pseudo-autor sem grandes aspirações, cheguei a sentir-me mal por não ter idéias, não conseguir colocar nada no "papel", gritando dentro de mim por um Insight que me trouxesse um pouquinho, que fosse, de criatividade... como deve ser pra um escritor de verdade ter um daqueles famosos bloqueios autorais?
Horas a fio na frente do pc... peguei livros, vi sites, recordei memórias, inventei fatos... tudo com o intuito sem sucesso de me dar um bom assunto a tratar. Casamento? Natal? Relações familiares? Tecnologia? Mais do mesmo... Cinema ou Música? Não... quero inovar...A dor de cabeça começava a surgir.
Imaginei a cobrança sobre os profissionais, seja por prazos (pros que escrevem em jornais) ou por novidades (pros que vivem de bestsellers). E percebi que, desorganizado e alheio a prazos que sou, fiz bem em escolher a medicina em detrimento à literatura...

Deixei de lado o anseio e fui dormir... grata surpresa a confirmação da dica de um grande cronista, que dizia: se a inspiração não vem, faça coisas diferentes... ela sempre aparece!
Provarei no próximo post...
Pense nisso, reflita também!

p.s.: Aproveito para dar boas vindas à nova leitora "Ana" que descobriu o blog e me deixou ótimos comentários. Desde já obrigado, e saiba que se juntando a meus outros 4 leitores, vc me ajuda a chegar a quase meia dúzia! hahahah Sinta-se a vontade de comentar sempre viu? Ah, e querendo entrar em contato, deixe e-mail ou msn em algum comentário. Bjos a todos

30 dezembro 2009

A falta que a Flor me faz...

Sinto falta da tua presença
E dos detalhes que só meus olhos
Encontravam nos contornos teus...

Se o ar me pesava, se meus dedos falhavam,
Deitado à relva,
O simples observar de teus tons
Confortava-me com o estímulo de prosseguir...

Sinto falta do teu frescor
E de sentar-me junto a ti,
Sentindo a brisa que me alcançava
Depois de roubar-te parte do perfume...

Se teu límpido orvalho era pouco pra matar-me a sede,
A liberação sôfrega de teu oxigênio salvou-me, por vezes,
Da asfixia que nos toma, dia a dia, na selva de pedra...

Sinto falta do que me tornavas...
Absorto, entregue, fascinado...
Novamente criança que descobre o mundo
............................[e de explorador, vira explorado

Provaste a mim o que eu negava...
É em cores tímidas que se esconde a beleza,
Em cheiros vastos que se amplia a destreza,
Em gostos doces que se encara a dureza
E em toques ternos que se desfaz a frieza...
............................[frieza que havia, espantaste e hoje retorna

Sinto falta de sentir-te faltosa,
De contar minutos que não passavam,
De olhar ponteiros que não andavam,
Ao lado do vaso, esperando que ela voltasse,
Semanalmente, a seu ninho de terra...

Na terra branca, cheirando a éter,
Meu sangue corria, como que quisera ceder minhas forças,
Assegurando que ela ali nascesse novamente...
Desabrochasse, e me olhasse
Um segundo que fosse...
Da mesma maneira que eu a olhava...

Sinto falta.
Sinto...
E se em quadros a vejo retratada,
Em meio a outras flores, cenários mil,
A sinto...
Aparentemente perto, mas longe, sei...
E percebo.
Já não perfuma. Não colore.
Não goteja ou aquece...
...
Mas a sinto...

08 novembro 2009

Frase do Dia:

"Se eu pudesse mensurar o tempo perdido na busca pela felicidade, eliminaria várias vidas de tristeza..."

Leitor, quanto tempo perdemos em lástima sem saber usar o mesmo para criar alegrias?
O tempo é curto, a vida não é longa e a estrada é finita... pense nisso... reflita também...

Cinématographe 2

Orson Welles foi, indubitavelmente, um gênio na direção... Isso não é novidade pra ninguém. Entretanto, não bastaria só isso para que Cidadão Kane (no original: Citizen Kane) fosse escolhido como o melhor filme já realizado em todos os tempos, não por uma, mas inúmeras listas que tentam formar essa classificação dificílima ou, ousaria mesmo dizer, impossível.
Lançado em 1941, foi premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Original e trouxe uma série de inovações técnicas que ainda hoje são discutidas em como foram produzidas na época.



O filme mostra a vida do milionário Charles Foster Kane, dono de uma rede de jornais, que em seu leito de morte profere 1 só palavra... "Rosebud". A busca por seu significado permeia a película, que mostra magistralmente a angústia e o abandono dos mais ricos. Poderia um homem bem sucedido, querido por todos e determinado ser esquecido pelo tempo?
Demonstração perfeita de que nem sempre o ideal é o certo, e de que o orgulho é o pai de todos os erros...

Caro leitor... Assista! e reflita também...

16 outubro 2009

Saborosos Sonhos da Padaria

Os roncos dos motores ecoavam forte na minha cabeça. Durante a corrida, visitando o box de um velho amigo que acompanhava apaixonadamente a disputa do filho, eu assistia ao desempenho dos pilotos e suas máquinas, uma relação quase simbiótica para a vitória. Minha irmã ao meu lado tapava os ouvidos a cada passada dos autos. Duas moças da minha idade entraram sorrindo e de óculos escuros, bem vestidas, com o frescor que apenas aqueles vinte e poucos anos traziam. Ambas traziam um brilho loiro nos cabelos, que refletiam o sol daquele dia no autódromo. Minha irmã conhecia uma delas, se abraçaram, riram e foram colocar os assuntos em dia; a outra se manteve ali, sozinha, com um misto de costume e estranheza. Cheguei perto e disse: "Ainda não sei seu nome" e ela: "Natalia". Sorri, e comentei que não iria esquecer, minha irmã que acabara de sair também assim se chamava. Perguntei: "E você? Espera por alguém?". Ela sorriu e respondeu de maneira simples: "Sim, meu marido". Surpresa! Ele já voltara, e da pista! O filho do meu amigo a abraçou ternamente e a beijou. Após algum tempo minha irmã retorna com a amiga; ficamos os 4 conversando... O tempo passa, e nós esperando o fim da arrumação dos boxes até que nos cansamos e sugiro sairmos dali. O imponente piloto ficaria para últimos acertos. Pegamos o carro, andamos um tanto, estacionamos e passamos a seguir pelas calçadas do entardecer, já frias com a mudança do tempo. Papos sem propósito nos envolvem, até que sinto o cheiro quente de pão novo e alcanço com os olhos uma padaria clássica, aos moldes das grandes confeitarias de outrora. O vapor emanado pela pequena loja de balcão alto, repleta de pessoas buscando um pouco de calor recém-tirado do forno e as luzes amarelas faziam uma cena de filme; quase um retrato da felicidade presente nas pequenas, antigas e belas coisas da vida. Aquele cheiro na rua... pão quente! E mais: açucarado... Pelo jeito acabou de sair o pão-doce! Segurei a nova Natália por uma das mãos e falei "Vem comigo!". Minha irmã e a amiga também vieram e se encantaram com a cena vista por dentro. Pessoas com grandes casacos tomavam chocolate quente sorrindo como crianças. Os pães rodavam o salão com seus odores ternos de inverno. Padeiros e boleiras sorridentes atendiam no balcão como quem quisesse trazer felicidade às pessoas que buscavam um calor para suas almas naquele frio fim de tarde. Alcancei um dos pães, provei, fascinado pelo sabor da infância e servi às meninas. Não só esse, outro. E outro. Pães doces diferentes, de diversos recheios e coberturas. O brilho presente naqueles olhos claros sob os finos cabelos loiros me nutria tanto quanto o pão quente e doce que me tocava os lábios. Observava a tudo desejando que aquilo durasse por muito tempo ainda...
Meu celular tocou. Meus olhos se abriram com dificuldade. Do outro lado, Roberta Karen me questionava o motivo da ligação mais cedo. Respondi com a voz rouca que só o sono nos provê. Tentava colocar os pensamentos em ordem... Respirei fundo, saquei os óculos da lateral da cama, os coloquei sobre os olhos e respondi à amiga que me buscava no telefone durante o sono da tarde... Da cena ficaram o calor, os cheiros, os brilhos e os sorrisos... Sorri de maneira sem graça e me levantei... já era quase hora de buscar minha sobrinha no colégio...
Caro leitor, não se furte a viver o que aparentemente não é possível. Muitas vezes, momentos virtuais são tão prazerosos quanto os reais...
A felicidade é sempre verdadeira, seja decorrente do que se passa ou do que poderia se passar... Pense nisso, Reflita Também...

06 setembro 2009

Momento lírico

Hoje, durante uma conversa, brincando, uma amiga me disse:
-Ah, que doutor sem coração!

Parei. Pensei. E disse, sem piscar ou emoções nos olhos, com o olhar perdido:
-Capaz... as mulheres que passaram pela minha vida o fizeram em pedaços. Colhi os cacos e os colei por vezes; mas a cada ocasião em que isso acontecia, pedaços se perdiam... Após algumas vezes, só sombra do que ele foi outrora sobrou no meu peito...

Caro leitor, isso acontece a muitos. Muito mais frequente inclusive do que imaginamos... Já parou pra conceber isso? Pois bem, Reflita Também...

02 agosto 2009

From Ashes, To Ashes

Poor romantic...
Lost in thinking,
Lurking, peering,
Out of semantic.

Able to really find,
Without problems
But like poems,
A new love in mind.

Every fake aliance,
Nearly obsession,
Is his true defiance;

Making a new impression,
In his flesh, with deniance,
To ashes, eternal self -agression.

-------Letting wind blow a little... Being taken by inspiration...
Have never written anything in English before... It's just cause something inside me tells me this one, plenty of feeling, should be told in a language that carries a load of pity in its poems. I don't really know if it was more like Poe or Shakespeare... but it was surelly me.
How many times an idealist romantic is able to create loves inside his mind, based on ashamed smiles, effulgent eyes or scented hair? My heart tells me... you shall not number it, at all...
Come on, dear reader... Reflect about it too...

28 julho 2009

Combinatória (n!)

Não é muito original, dado que acredito estar entre milhões que pensam de mesma maneira, mas vejo o ponto da vida de uma pessoa a que esta chegou como o resultado de uma série de escolhas prévias. escolhas tão numerosas, em infinitas situações, que tornam o presente fruto do produto delas. Seja "sim ou não", "azul, amarelo ou vermelho", "praia ou montanha", "livro, filme ou música", poderíamos estar em qualquer outro lugar, caso a outra opção tivesse sido escolhida.
Bem, exemplifico com um caso fictício:

João amou Maria no momento que a viu. Apaixonara-se pelo sorriso abrangente e ao mesmo tempo contido. Dividiam a mesma turma; tornaram-se amigos. Divertiam-se nos momentos juntos, como se um completasse a cena proposta pelo outro. Alcançaram o grau de complementariedade em que se ó possível antever o que o outro dirá, ou o que o primeiro pensa. João sentia necessidade por mais. Já não queria apenas ter Maria como amiga. Sabia que era capaz de se reapaixonar por ela a cada dia; estava certo de que poderia construir tudo a seu lado. "Juntos podemos tudo". Precisava de uma chance. Prestaria o exame de direção em breve, e era o que precisava. Antes mesmo de fazê-lo em férias, convidou sutilmente Maria para sair. De maneira indireta, superficial, sem por os carros na frente dos bois. Praia seria o ambiente ideal para declarar-se. Com sol a pino, ondas molhando-lhes os pés, servindo água de coco à moça. Fez a prova, passou, pegou o carro e, num dia claro como nenhum outro, de cores quentes e vibrantes, buscou Maria em casa. Tiveram juntos um dia perfeito. Só ele naquele momento podia ver que o sorriso radiante dela se fundia com o cenário, de maneira tão perfeita que a beleza daquela mulher não poderia ser mais natural. Declarou-se. Já segurava a mão de Maria, quando deixou-se levar pelo coração em franca taquicardia e a beijou. A moça retribuiu, com igual paixão. Amor. Recíproco e imutável. Namoraram, viveram, partilharam e decidiram. Noivaram, amaram mais e casaram. Trabalharam, cresceram e envelheceram. Juntos. Fortes. Únicos. Ele sabendo que tivera a mulher de sua vida, e ela amando o homem que fora feito pra si.
Mas a vida é feita de combinações. E pra que isso ocorresse, as escolhas pareadas de tal forma que predispusessem isso, aos 2, somavam uma probabilidade de 1 para 10²³. Nessa situação, João não deixou de passar na prova de direção e ambos tiveram um verão de sol todos os dias. Os 2 não deixaram de se falar pelo acaso, Maria não conheceu melhor Antônio nem foi a uma pizzaria com ele. João e Maria não separaram seus grupos, nem deixaram de se esbarrar em sala e muito menos fingiam não sentir o perfume um do outro quando dividiam a mesma bancada, lado a lado. Os 2 sorrisos não se extinguiram e os olhares não deixaram de ser trocados. Os lábios não se furtaram de sussurrar elogios e de sorrir simplesmente por ver o outro...
A vida é feita de combinações... e nessa combinatória as chances são muitas, nem sempre favoráveis ou presumíveis...
Concorda leitor? Reflita também...

Cinématographe

Há muito tenho vontade de criar uma série de posts aqui, aos moldes do que faço com músicas, trazendo relíquias cinematográficas. A idéia é indicar a película, citando por alto seu foco e pontos interessantes, sem "entregar o ouro", como se diz, deixando pro leitor o deleite de descobrí-lo.
Faço isso hoje, com prazer, motivado pelo fato de ter assistido a mais uma pérola esta noite.

Cinema Paradiso (no original: Nuovo cinema Paradiso) - produção franco-italiana de 1988, escrito por Giuseppe Tornatore. Vencedor do Globo de Ouro e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1990.



Incrível demonstração de como a fascinação de um rapaz pelo cinema pode mover a vida de muitos em uma pequena cidade da Itália no pós-guerras.
Destaque também pra comprovação magistral de que, como muitos dizem, quando algo não é pra ser... simplesmente não o é, seja pelo destino ou desencontros.

Assista... e reflita também...

---- p.s.: explorarei melhor esse tipo de imprevisto do destino no próximo post... forte abraço

Musicalis 8

Flor de Lis - Djavan

Valei-me, Deus!
É o fim do nosso amor
Perdoa, por favor
Eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez
Tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei,
Que amei, que amei, que amei

Será talvez
Que minha ilusão
Foi dar meu coração
Com toda força
Pra essa moça
Me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de lis

E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira,
Poeira
Morto na beleza fria de Maria

E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.

E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.

---- Percebo que hoje, falta água para os jardins da vida. Já não mais chove, as árvores altas não mais gotejam sobre as plantas mais baixas e sequer um regador, por pena, despeja uma milagrosa aspersão por sobre o verde. Sinto a secura empedrando a terra, rachando-a em blocos... Sem vida, como concreto, se tornou o antigo jardim.
Sei, pois, que nesse caso, sem o lirismo de outrora, nem a flor de Drummond, que se esforçava pra nascer no asfalto, se aventuraria neste ardor que deixa o Agreste com inveja...
Pense nisso leitor... Reflita também...

23 maio 2009

Frase do dia:

"Nem sempre o que se vê é o que se acha que se está vendo..."

----E com base nisso eu digo: quem dera a vida fosse tão simples quanto a fantasia que fazemos em torno dela...

Vida e Luzes na Ala Sul

A cidade ainda me fascina. Não o último subúrbio (de onde vinha o leiteiro de Drummond) com sua calmaria melancólica, sua invariabilidade boçal ou seu quase oficial recolhimento noturno, graças à ausência de alternativas de ocupação tardia. O que ainda me é capaz de fascinar é o movimento que se mantém nas regiões mais burguesas da metrópole depois que o sol se põe. Milhares de pessoas que tomam as calçadas. Jovens que tomam sorvete. Pais fazendo compras em mercados subterrâneos. Mães se exercitando em gigantes academias. Cinemas de rua a pleno funcionamento. Livrarias de longas estantes exploradas por bibliófilos. Hotéis em cada esquina.
E os relógios esquecidos... como não se faz longe daqui, pois só aqui a vida não para entre as 19h de um dia e as 7h do dia seguinte. Pura e simples fascinação de um estranho que, fechado ao longe, perde 12h de vida todos os dias...

Também se sente assim leitor? Com a necessidade de não se fechar ao mundo por horas a fio?
Será que o que é bom, vivo, válido, é guardado a poucos? Pense nisso... reflita também...

26 abril 2009

Frase de Hoje (e comprovação):

"Se Deus tivesse a voz de um cantor, soaria como Andrea Bocelli."
---- é... depois de ir ao show dele, tenho total certeza disso... querem a comprovação? :

Musicalis 7

L'appuntamento - Andrea Bocelli
(tradução)

Tenho errado tanto agora
Que já sei
Que hoje quase certamente
Tenho errado com você.
Mas uma vez mais
O que pode mudar na minha vida
É aceitar que este encontro estranho
Foi uma loucura...

Amor, vem depressa,
Eu não resisto...
Se tu não apareces,
Eu não existo, não existo,
Não existo..
.


Sou triste no meio dessa gente
Que está passando ao meu lado
Mas a nostalgia de te rever
É mais forte que o meu pranto.
Este sol acende no meu rosto
Um sinal de esperança.
Estou esperando que, de improviso,
Te veja aparecer à distância...

Amor, vem depressa,
Eu não resisto...
Se tu não apareces,
Eu não existo, não existo,
Não existo...


Luzes, carros, vitrines, ruas,
Tudo mais se confunde na minha mente.
A minha sombra se cansou de me seguir
E o dia morre lentamente...
Não me resta voltar à minha casa
Para minha triste vida
Essa vida que queria dar a ti
E a desfizestes entre os dedos...

(versão para Sentado à beira do caminho - Roberto Carlos/Erasmo Carlos/Bruno Lauzi)

------- Então leitor... Você já se sentiu completado por alguém de tal maneira que a simples espera se torne um martírio? Que sinta necessária a presença desta por completo? Rogando aos cantos que surja de repente? E percebendo que, na ausência desta, o baque é tamanho que nem a ti mesmo pareces existir?
Como diz a versão original da música: Preciso acabar logo com isso... Preciso lembrar que eu existo... existo... eu existo...
Pense e se expresse leitor... Esse blog é seu, e sua participação é nosso combustível... Não se esqueça: Reflita Também!

06 abril 2009

A moça da flor no cabelo

Que bela é a moça
Da flor no cabelo!
Tem movimentos leves,
Deixa rastros no ar,
Como uma bailarina
Em seu habitat...

Sorri,
E sorrindo
Ilumina o dia!
Emite,
Ao abrir os lábios
Brilho único,
Que contagia...

Faz-se flor
Como a que leva
No cabelo...
Exala torpor
Perfuma o ar,
Desfruta do frescor,
Dona de tudo
Tal qual devia sê-lo.

Torna-se mais,
Beleza em foco.
Com a flor no cabelo
A moça morena
Se destaca
E como a açucena
Se torna um marco.

Simples...
Envergonhada como criança...
Quando observada,
Cerra seus olhos
e descansa...

Sorri sem jeito,
Disfarça sua perfeição,
Finge ter defeito
Como acaso pudesse
E se nem mesmo quisesse
Seu belo e puro coração...

Com delicadeza,
Pisca um só olho,
Ainda com o sorriso
De alteza...

Indica que a moça
Da flor no cabelo
Nunca cede à tristeza.
Gira, roda...
E prossegue sem desdém...

Faz o mundo rodar
Quando a moça
..............[da flor no cabelo
roda em sua dança também!

-----Ah, como é bela a moça da flor no cabelo...

Entre o Espelho e os Cacos

O ar nostálgico que me toma em salvas traz consigo um elemento intrigante. Sempre ouvi que só se deve se arrepender do que não tenha feito; entretanto, nunca captei nada no que diz respeito a arrepender-se pelo que tenha sido. E isso é o que me chega agora.
No auge de 22 anos decorridos desde a data de nascimento, olho-me no espelho como que através de um caleidoscópio. Diferente, plurissignificante, multifacetado; e posso dizer, mesmo assim, que não me reconheço e, caso o fizera, não gosto do que vejo. Produto final do que o melhor vindo dos pais e o pior originado das escolhas individuais poderiam criar. Um ar de sábio, daqueles que nada sabem, e um tanto de salvador, que nem a si mesmo pode salvar. Rio do simples fato de ser visto como cuidador: quero o bem dos outros, dou meu melhor nisso e em nada contribuo para o meu próprio.
No espelho, me olho nos olhos; sorrio sem esperanças e agradeço a mediocridade de mais um dia em que, na verdade, não sou: apenas deixo de ser...

Pense nisso querido leitor... O que vê quando se olha nos espelhos da vida? Gosta do que enxerga? Desgosta? Mudaria algo? Enfim... você já sabe: Reflita também...

21 março 2009

Breve Explicação acerca do Manual Azul

Começo apresentando o background do fato que os apresento hoje. Uma grande amiga minha, já citada aqui, comentou uma vez que o jeito peculiar dos homens agirem, desde meninos até a idade senil, é ditado por algum tipo de regra que só nós conhecemos; um tipo de "guia azul". Pois bem. Após sucessivas tentativas de obtensão do livro pela companheira Lina, venho trazer-lhes um breve histórico acerca deste.
O Manual Azul dos Meninos, também conhecido como رجل سغسووس desde os seus manuscritos originais, e hoje também dito "How to be a Man, for Dummies", é a origem de todos os livros coloridos, sejam eles bons como O menino do dedo verde, ou nem tanto, como o Livro Vermelho de Mao.
Escrito por uma série de homens notáveis ao longo de toda a história humana, tem seu primeiro relato com base nos primeiros irmãos conhecidos: Cain e Abel (ver capítulo "Como aprontar e fazer seu irmão levar a culpa"). Ao longo de suas milhares de páginas, indispensáveis para a vivência do Homem contemporâneo, várias figuras deixaram seus conhecimentos escritos, como Abraão (assina Ibrahin), Julius Caesar, Ghengis Khan, Montezuna, Pedro I do Brasil, Thomas Malthus, Simon Bolivar, Toro Sentado, Conde de Sandwish, Costinha, Ludwig von Beethoven, Tiririca, Alejandro Sanz, Aleijadinho (escrevem por ele), Sir Sean Connery, Maurício de Nassau, Ho Chi Minh, o Soldado Desconhecido, Roberto Bolaños, Benjamin Netanyahu, Adolf Hitler, Zé Bonitinho, Bill Cosby, Vasco da Gama, Imperador Meiji, Zumbi, Rei Davi, Dalai Lama (vários deles), Dmitri Medeleev, Marcelo Malpighi, Giovanni Boccaccio, Bocage, Ziraldo, Mário Covas, Stalin, Jim Carrey, entre outros.
Os 2 tomos encontram-se divididos em 5 tópicos principais: Mulheres, Comidas, Esportes, Transportes e OutrasDiversoes (podendo haver intersecções entre eles), com adendo de outros 3 importantes: Trabalho, Família e Ganhos. São inúmeros capítulos, estes sim mais especificos, como Suporte de Vida na Selva, Jantar com os Sogros, Meu carro pode ser mais potente?, Segunda-feira também é dia de barzinho, Malabarismos Sexuais, Vinhos bons (e baratos), Festas de Fim de Ano na Empresa, etc.
Há que se ressaltar que o guia é tão válido para adultos quanto para crianças, de modo que as devidas adaptações estão já inclusas, como: Minhas pernas tremem quando a Cecília olha pra mim, Como viver no parquinho?, Me dá mais um copo de leite, Hot-Wheels especiais, Dribles e Firulas no Futebol, Desenhos imperdíveis, Mesada um dia acaba?, e Por que diabos aprendo Matrizes em Matemática?!.
Igualmente no fim dos tomos encontra-se uma área de agradecimentos, relatos pessoais de homens que fizeram uso e se beneficiaram desta obra preciosíssima. Um índice detalhado está contido na obra, assim como um resumo com os 100 mandamentos do Homem, na última página.
Infelizmente, apenas os indivíduos XY têm acesso a tal obra, que se abre mediante a comprovação genética/cromossômica do portador. Deste modo, Lina, caríssima, poderemos apenas dar-lhe algumas dicas, mas a srta nunca terá total e irrestrito acesso a obra...
"Um livro de Homens, feito por homens para homens"

sem mais, beijos mil,
Vinicius Fonseca
colaborador da Obra,
autor do Capitulo "Booom de testosterona precoce reduz altura, mas tem suas vantagens"

p.s.: O grande Amigo Hugo fez questão de comentar que Chuck Norris escreveu o prefácio do manual (de uma sentada só, com papel à mão, sem nenhuma caneta... nem vírgulas...).

10 janeiro 2009

Lagos Translúcidos nas calçadas da Cinelândia

A vida não tem esquinas, já disseram certa vez; mas a Cinelândia com certeza tem. E foi nessa exata esquina que passei por uma situação única na quarta-feira última.
Voltava eu de uma reunião no Centro com uma professora minha, e já tomava o caminho do metrô, quando fui convidado pela mesma para tomar um suco no espaço vizinho ao Odeon. Andávamos pela calçada larga, tomada de gente, mas tranquila, conversando sobre trabalho de uma maneira leve, que só o típico verão do Rio de Janeiro permite.
Não sei se por falta de hábito com a paisagem peculiar do centro da cidade ou por receio de andar no meio de tantas pessoas, eu prestava atenção em tudo ao entorno. Desde as pedras caprichosamente colocadas (e igualmente faltosas) formando o chão em mosaico até as esparças árvores que fazem falta no meio de tanto cinza da metrópole.
Esforçando-me para não tropeçar na infinidade de coisas que nos cruzam o caminho nesses lugares, desviei, sem muito propósito, quase que involuntariamente, de duas pessoas que cuidavam de uma banquinha no chão. Um rapaz à direita, agachado, e uma moça à esquerda, sentada sobre uma canga, que servia como base para as bijuterias que estavam à mostra.
O rapaz, de costas para mim, exibia algo para a moça, que observava com atenção.
Sem que eu pudesse segurar, no meu inconsciente veio o pensamento: "ah, os hippies em todo lugar... ainda existe gente assim!?", mesmo enquanto eu conversava sobre algo totalmente diferente, demonstrando a pluricapacidade da mente humana. Da preconceituosa mente humana. As roupas batidas, o lenço no cabelo da jovem, os dreds no do rapaz e o comércio de trabalho manual automaticamente me remeteram a isso. E só o que eu pensava no momento era como poderia haver pessoas que se furtassem de uma vida "regrada" e que pudessem se tornar alheias a uma formação necessária para o mundo de hoje...
Ao me aproximar, a jovem levantou o rosto ainda sorrindo, desviando o olhar que encarava o rapaz, ainda de costas pra mim, e repousou sobre os meus olhos os dela. Os olhos mais verdes e vivos que eu já pude observar em toda a minha vida. Contrastavam com o delinear negro nas pálpebras e o branco muito límpido da pele. Me olhou com uma força não instintiva, mas intrínseca àquelas translúcidas íris, que mais pareciam dois grandes lagos nas calçadas da Cinelândia. Eram tão abrangentes, tão expansivos, que não me admiraria que fossem capazes de conter toda a imensidão de coisas que os cercava no momento. Me senti invadido, exposto. Parecia que aqueles olhos, ao tocarem os meus, poderiam ver minh'alma. Não desviei o olhar, como de costume ocorre quando olhares se tocam nas ruas, shoppings ou supermercados. Meu pensamento, agora, era puro. Se purificara, na verdade. De nada me envergonharia pensar que eu precisasse omitir daquele Oráculo à minha frente.
Desacelerei o passo, pedi que os segundos se extendessem. Deixei que por mais tempo ela repousasse a esperança sobre mim, pobre e descrente pedestre da selva de pedra. Senti como se me afogasse num lago profundo, mas sem angústia... Sentia conforto, na verdade.
O caminhar deu fim ao elo, por mais que eu não quisesse. Segui o caminho, voltei à realidade, acabou.
Por fim me perguntei quem era eu pra questionar a maneira como eles levavam a vida... Se convicções são prisões, e estou preso à minha, não poderiam eles estarem certos e eu, errado?
A vida é curta, o mundo nos apressa e a velocidade transforma de maneira inescrupulosa...

Vestiam roupas surradas, muito simples, mas era possível sentir a felicidade ali...


***Espero que tenha gostado leitor... não se esqueça: Reflita Também!

04 janeiro 2009

Mandamentos para um Novo Tempo

Refletindo acerca da contemporaneidade, cheguei à conclusão de que o Homem precisa de novas diretrizes. Seguir novos rumos, se embasar em novos valores, um tanto próximos de outros já consagrados, mas com o intuito de tornar pleno o seu viver, retornar a um rumo ideal, há muito deixado de lado. Parei, pensei, e cheguei a esses 10 tópicos. Leis. Mandamentos para uma vida nova.

1- Faz o que amas, evita forçar-te a amar o que fazes.
-Opta por realizar aquilo que te faz bem-


2- Não te aproximas em demasia de quem não te trata como prioridade. -Ser alternativa para outros te consome aos poucos,
sem que percebas-


3- Reconhece teu limite, não o ultrapassas conscientemente.
-Zela por ti e guarda teu bem-estar sobre tudo-


4- Não te bastas a beijar uma flor, se a flor que desejas não podes beijar. -Luta pelo amor que te cabe-

5- Jamais te furtas do convívio dos que elegeste dignos de tua companhia. -Fica junto, ensina e aprende todos os dias-

6- Deixa que as palavras te aflorem à boca.
-E com elas, enfeita os lábios com sorrisos; teus e dos outros-


7- Adiciona música à tua vida.
-Faz um mundo sonoro, e capacita-te a ouví-las dentro de ti-


8- Aprende com as crianças.
-Como elas, passa a ver todos os lados de uma mesma situação-


9- Adentra teu mundo. -Faz parte dele, capta o sol, molha-te no mar e consome o vento como fruto igual da Criação que também o és-

10- Por fim, Sonha. Mas não te esqueças de viver.
-Sonhar vivendo é dádiva, viver sonhando é lástima-


Pois bem, caro leitor. Defendo como início de uma nova vida estas máximas. Não venho trazer verdades a todos, ou impor credulidades próprias aos demais. Digo que estas linhas ME guiarão. Quero que você se sinta à vontade em criar as suas, ou se lhe agradar, usar mesmo estas... À vontade. Meu intuito é pura e simplesmente fazê-lo pensar. E lembre, Reflita Também...

30 dezembro 2008

Auto de Natal

O último dos meses atravessa meus dias
.............................................[como uma adaga
Se espalha como um manto
O gosto acre me torna à boca
E experimento novamente a inanição.
.............................................[Está no ponto!

"Esperança!" gritam mundo afora...
E eu ouço. E ouço. Repito mentalmente,
E nada faço...
Pois mãos efêmeras e lânguidas arrancam,
Fio a fio, a tecelagem do motivo.

Na primeira vez é o novo.
Da segunda, tira-se o espanto.
Surpresa pela falta de reatividade, mais: de atividade,
De um corpo alheio à multidão em vermelho.

Liberto-me. Mentira, me entrego.
Frente àquele nascimento, surgiria-me a força.
E nada me faria mal, dado que tudo posso
.............................................[naquele que me fortalece.

Caio. E ao cair, me perco
Fujo da vivência, desfaço a convivência
Já não questiono...
Sinos tocam, a comida é posta
.............................................[e nada faço

Na primeira, tristeza
Hoje, indiferença...

*********************************************************************************
Em tempo: agradeço à rósea amiga Lina pelo pequeno conserto. ;)

28 novembro 2008

Calmaria

Incrível a capacidade de memória humana...

Desde muito cedo, eu sempre imaginei que o cérebro das pessoas funcionasse como grandes armários de arquivos e que tudo ali guardado estivesse dividido por temas. Uma gaveta para comidas já provadas, outra pra roupas já vestidas, uma terceira para texturas já experimentadas. Mas o que sempre me motivou mais a pensar desta maneira, é que dificilmente se esquece uma música já ouvida... e isso embasava a minha tese. A gaveta de "Músicas Ouvidas" deveria ser a maior de todas; reunindo informações desde a primeira cantiga de ninar, até a pior música que a pessoa já teve o desprazer de pegar mesmo que alguns segundos.

Hoje, sem motivo aparente, pude ouvir de maneira cristalina uma música dentro da minha mente. Praticamente uma alucinação auditiva, de tão perfeita. Mas eu me lembrava pouco da música em questão. Poucas e doces notas, parte de um verso do que parecia o refrão...e a curiosidade que me mata naturalmente. Lancei-me numa busca árdua pela internet, equiparando os 2 maiores arquivos do mundo. Um criado pelo Homem, o outro planejado pelo seu Criador. E encontrei.
Brindo meus leitores com essa pérola... um presente a mim, dado por uma cabeça confusa, mas de muito bom gosto.

Com vocês:
Flávio Venturini e Caetano Veloso em "Céu de Santo Amaro"

Azul-Carolina

Azul claro como o dia!

Não só um, mas

Qual dizia...


Se na Terra algo havia,

Com o mar em cantoria

Toa cantos de Maria


Se de pronto, à revelia,

Faz feliz, como à Cecília.

Luz incisa na piscina

Puro aroma sem rotina...


Sopra o vento,

Vira esquina,

Gira e vira qual cortina!


Faz da cor,

Beleza fina...

Bela como Carolina...



Em homenagem a essa estrelinha que eu tenho a grande honra de ter como amiga.
Obrigado, anjinho dos cachinhos dourados, por existir e me fazer crer na humanidade ainda, viu?
Dedicado também às pessoas que têm amigos queridos assim como eu... eles são grandes presentes... Parem pra pensar nessas bençãos... Reflitam também...

p.s.: Pra quem duvidar da veracidade do tema:
http://en.wikipedia.org/wiki/Carolina_blue

06 novembro 2008

Musicalis 6

En el Muelle de San Blas
(Maná / Fher)

Ella despidió a su amor
Él partió en un barco en el muelle de San Blas
él juró que volvería
y empapada en llanto ella juró que esperaría
miles de lunas pasaron
y siempre ella estaba en el muelle
esperando
Muchas tardes se anidaron
se anidaron en su pelo
y en sus labios

Llevaba el mismo vestido
y por si el volviera no se fuera a equivocar
los cangrejos le mordían
su ropaje, su tristesa y su ilusión
y el tiempo se escurrió
y sus ojos se le llenaron de amaneceres
y del mar se enamoró
y su cuerpo se enraizóen el muelle

Sola
sola en el olvido
sola
sola con su espíritu
sola
sola con su amor en mar
solaaaaaaaa
en el muelle de San Blas

Su cabello se blanqueó
pero ningún barco a su amor le devolvía
y en el pueblo le decían
le decían la loca del muelle de San Blas
y una tarde de abril
la intentaron trasladar al manicomio
nadie la pudo arrancar
Y del mar nunca, jamás la separaron

--Uma bela poesia, caros leitores. Mesmo em espanhol, o entendimento não é difícil não... O ponto de hoje é: qual é o limite de um amor? Até quando é possível se doar sem errar consigo mesmo ou desistir e abandonar uma convicção? Bela história...Pensem... Ponderem... Reflitam também...

Em tempo:

...para não excluir ninguém do entendimento...

Resposta a "O certo e o errado "

Semanas se passaram... Meses correram desde então... mas o artesão, já de volta ao seu vilarejo, sofria com o questionamento em sua mente, que o fazia sentir como se houvesse decorrido apenas algumas horas desde aquele fatídico momento. Já havia retornado a seu ofício, trabalhado madeira, metal, fogo, terra, água... mas o cristal não saía de seu pensamento. Os cristais. Ambos. Irmãos. Semelhantes e tão diferentes.
Lá fora um rapaz gritava: "Nova feira de materiais na cidade vizinha! Venham! Venham!"
Rapidamente o artesão vestiu suas roupas de viagem, alcançou a algibeira e lançou-se em direção ao povoado próximo. Chegando lá, tomou o rumo imediato de onde encontrara previamente o mercador viajante, e lá estava, novamente o senhor que já conhecia. Mostrava-se triste. Ao ser questionado, revelara que desistira da vida de mercador, e que sua ganância e seu desejo de ter tudo para si haviam destruído sua vida.
Lembrou-se de imediato do artesão e sem pensar 2 vezes pôs sobre a mesa da barraca os 2 cristais. Disse-lhe: "Escolha rapaz, podes levar 1 deles!". O artesão sentiu novamente o aperto no peito de meses atrás. Mas desta vez, pode observar ambos os cristais sem pressa. O primeiro ele já conhecia bem; tinha o mesmo ar altivo, mas estava empoeirado agora, perdera um pouco de seu brilho. Ainda era belo e fino, mas tinha sua beleza afrontada pelo cristal irmão ao lado. Olhou o segundo, o que lhe havia sido oferecido como alternativa da primeira vez. Espantou-se por não tê-lo percebido as características antes. A cor não era ligeiramente diferente, à luz do dia, intensificava-se e mostrava-se de um verde lindíssimo, que mudava seu tom de acordo com o ângulo que lhe era imposto ao sol. Este, ao cruzá-lo, deixava raias esperançosas sobre a bancada. O artesão teve certeza que estes feixes poderiam iluminar toda uma casa e assim, a dúvida que lhe era aguda por falta de informações, se tornou crônica por excesso destas. Não mais pensava, apenas sorria ao ver belezas iguais e díspares ao mesmo tempo. Não há certo. Não há errado. A escolha não existe de verdade...

Pense nisso leitor. Reflita também...

05 agosto 2008

Angústia

Graciliano Ramos, em um de seus mais aclamados livros, relata o desespero de um homem, que entrevado em uma cama, ouve tudo à sua volta sem poder se expressar. É esta Angústia que nomeia sua obra. Passo agora por uma inquietude... De certo nem se compara à do protagonista em questão, mas que me abala por dentro. Me aperta o pescoço. Me faz querer gritar, e gritanto, expulsar o peso do peito... sem mais...

18 julho 2008

Musicalis 5

Há muito não deixo belos versos de poetas/músicos aqui para vocês. Percebendo isso, vos brindo com uma das mais fascinantes letras da música brasileira:

O que será (À flor da pele) - Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

------O que será isso leitor? Você já experimentou?

Pois lhe digo: não caia na tentação de provar algo que vicia, sem que tenha a certeza de que o fator adicto nunca lhe será negado... Caso contrário, passará também pela falta, a crise e a abstinência a que muitos são dispostos por se aventurarem a buscar o complemento supressor de suas ânsias.
Pense nisso, Reflita Também...

16 julho 2008

O certo e o errado

Contam que numa antiga vila cravada no meio de uma cadeia de montanhas, um jovem artesão vivia cheio de trabalho e pouco parava para pensar em si mesmo. Estava sempre a servir os outros, e parar de trabalhar lhe parecia um desrespeito com o grande número de apreciadores de sua arte, que adornava desde casas simples na vila quanto palácios fora dos limites dos olhos locais. Um dia, entretanto, procurando novos materiais com que pudesse trabalhar, o artesão, passeando por uma feira numa outra cidade, descobriu um tipo de cristal que nunca havia visto... Já muito haviam lhe falado sobre a matéria-prima, mas só vendo por si mesmo o artesão pôde perceber seu valor. Estava deslumbrado, ansioso por ter pra si aquela maravilha e poder não só moldá-la mas também admirar mesmo a beleza bruta do translúcido cristal.
O dono do vítreo material, um mercador viajante, porém, recusou-se a vender o material. Ao perceber o interesse do artesão, cujos olhos brilhavam frente ao cristal, percebeu o valor deste e disse que nunca fora de seu interesse vender, que desejava apenas fazer uma exposição. E chamando a atenção do artesão, ofereceu-lhe um outro cristal. Não pensem que este era de menor qualidade! Era tão fino e tão belo quanto o primeiro, de cor ligeiramente diferente, e também seria um primor em ser trabalhado, mas deste o artesão nada sabia, e tivera pouco tempo de avaliar, pois de pronto, o mercador escondeu ambos os cristais. O jovem artesão pensou por um momento, e por mais um, e outro... e assim perdeu dias tentando resolver o problema. Aceitaria o segundo cristal, belo como o primeiro, de negociação mais fácil mas sem conhecimento prévio, passando por cima de seu primeiro ímpeto, ou esperaria o invejoso mercador cansar-se do primeiro cristal, liberando-o para a venda, quem sabe depois de demasiado e desgastante tempo, o qual poderia ter trabalhado perfeitamente com o segundo?

Adianto, caro leitor, que não há resposta para tal questão. Um dado importante e, diria eu, até intrigante na vivência humana é que não é tudo que se resume à máxima do certo e do errado.
Como fazer a melhor das escolhas? Não se sabe... ainda mais quando o padrão de correto e incorreto não se aplica... E acredite, esta situação é muito mais freqüente do que imaginamos.
Pense nisso... Reflita também...

05 julho 2008

Desafio Machadiano

Não sei se dormia, mas real que parecia, uma bela fada de alas róseas me veio em sonho. Batia asas, soltando "porpurina" sobre este autor. enquanto lhe sorria, e sorrindo sussurrava: "Serás capaz de cumprir o desafio que lhe proponho?"
Como pudera negar? Encantado que estivera com os olhos luminosos, e o bailar por entre as nuvens, permiti apenas concordar embalando a cabeça. "Escrevais, cavalheiro, e mostrais que podeis terminar os versos que deixei soltos..."
Tento, pois, atender aos desejos do anjo que me fora enviado:


Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Usai mil cores para adornar mundos,
Faz do céu, cerúleo, tua moldura;
Dá vida a meus lívidos segundos.

Olhai pro teu servo, amante teu
Que encantado, sim, observa a ti
E pensa só, em sonhos de Morfeu,
Sem empecilhos, por fim ter-te pra si.

E mui tanto eu daria para tal:
Cuore, vita... meu tudo, afinal!
Sem tu, Oh! flor, resta minha mortalha.

Lutar, é justo, por donzela-flor,
Doar-me pra merecer teu amor...
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!



Como já diziam os Parnasianos, "poesia é tão feita de transpiração quanto de inspiração"...
Deu trabalho, mas espero que a resposta do Desafio esteja aos pés da principesa.
Abraços fortes meus caros, e lembrem-se:
Reflitam também!

04 julho 2008

Quero mais tempestades...

Sempre fui fascinado pela chuva. Desde criança o cheiro de terra molhada me atraía, o visual da torrente minando do céu era incrível. E o melhor de tudo, a fúria da natureza, como que lavasse a insignificância humana sob si, trazia pra mim inspiração sem igual. Era sentir o primeiro vendo diferente, o ar úmido e possivelmente um trovão que, magicamente, eu era capaz de expor melhor o que pensava e, igualmente, pensava melhor também.

Ontem à noite, ao me deitar, senti a perturbação da calmaria lá fora. A brisa cresceu, tornou-se um sopro forte, que zunia por entre as frestas das janelas. Cortinas abertas permitiam que a luz, imediatamente acompanhada de um som expressivo, adentrasse meu quarto. E mais uma vez senti o ímpeto de escrever... Pequei por não ter levantado na mesma hora e ter expresso minhas mais novas frustrações... perdi a inspiração que me veio no momento...

Peço agora (mesmo com vontade enorme de ir à praia e aproveitar as férias) que mais nimbus-cúmulus apareçam no céu, e lavem a alma de um autor simples, sem grandes pretensões, mas com grandes necessidades de falar ao mundo...
Reflita também...

21 junho 2008

Dia dos Namorados em Atraso

Com um pouco de atraso, venho publicar este texto que surgiu de um desafio lançado pela grande amiga Lina, em celebração ao dia dos namorados. Ao fazer a versão masculina, Lininha me convidou a, com o devido paralelismo, criar a versão feminina para o texto. Cá está a reprodução caros amigos:

Prece pela Namorada Possível

Senhor, venho pedir uma namorada possível. Tudo bem, eu sei que sempre peço o mesmo ao Sr, seja em oração ou desespero, indo dormir ou na boate, mas acho que mereço né, Pai? Sou um homem fiel, que crê no desacreditado amor verdadeiro. Faço minhas obras sem esperar retorno dos beneficiados; não na profissão, mas no jeito de lidar com as pessoas, fazê-las sentirem-se melhor e amparadas. Me desfiz de toda idéia pré-formada, de todo pré-conceito e de todo ideário incurtido erroneamente em mim. Já até mudei minha posição inicial de “bonzinho”, que tanto elogiam mas igualmente repudiam as tais mulheres. Eu que tenho em mente a missão diária de fazer todos rirem não posso também estampar minha cara com sorrisos? Dôo a minha vida em prol dos necessitados, deixando de viver momentos pelos quais todos passam, e nada?! Sem querer questionar meu merecimento e meu crédito com o Sr, acho que estou merecendo sim!
Não uma namorada qualquer, achada num momento de solidão (em que qualquer uma serviria, e serviram!) mas uma menina nova, achada no meio de tantas outras, mas que do meio da multidão se destaque. Que emita uma luz brilhante, que ofusque mesmo a quem ousar desviar o olhar. Não quero uma deusa grega, porque Olimpiano não me fizeste. Quero uma bela moça, divinamente humana, humanamente divina. Que aceite ir ao cinema, de pronto, numa terça-feira depois da faculdade, se der vontade. Que divida um potão de sorvete comigo, seja creme da Kibon de morango da Häagen-Dasz, vendo um DVD, de House a Simpsons, comédia ou terror. Uma mulher que me tape os olhos ao me ver antes de eu vê-la, e me faça a surpresa como quem diz: “adivinha quem é?!”; que me tire de casa para passear sem planos feitos, seguindo pra onde quer que o vento nos leve.
Uma garota que dance! E dance melhor do que eu, mas que me ensine o necessário para acompanhá-la, e vê-la girar com a leveza de uma bailarina e o balanço de uma passista; que dance sem vergonha de que a vejam dançar, livre como uma ave, criando passos, por mais tolos que pareçam, mas que se divirta fazendo isso. E que não se prenda a um tipo só de música, mas adore a todos como eu, e que dance a todas também, sambando pra mim ou valsando comigo. Que ela me apresente a um mundo de coisas novas, me leve a descobrir a beleza de coisas menores do que as já admiro, e me mostre que na simplicidade das coisas é que habita a beleza. Que encha as minhas mãos de areia usando suas mãos na praia, e me empurre um canudinho de coco na boca dizendo “Prova!”. E que, então, levante meus óculos escuros e, colocando seus olhos nos meus, diga que está gostando do dia ao meu lado.

Uma mocinha delicada, não na vertente medo de bichinhos que voam, mas no jeito leve de ser. Que pegue a máquina fotográfica quando formos ao Jardim Botânico num dia de sol, e que se maravilhe como eu com o número de cores que a natureza cria. E que assim possa enxergar as possibilidades da pintura. Que faça uma tela comigo, se sujando como uma criança com as tintas espalhadas sobre a palheta. Que, não sabendo tocar nenhum instrumento musical como eu, se esforce pra tirar uma nota de um deles, e que vibre ao fazê-lo. E que não pense que ler quadrinhos é coisa de criança! Que jogue video-game comigo, e que eu sempre a deixe ganhar, só pra vê-la pular de alegria e me provocar depois, inclusive com beijinhos.
Que cozinhe, e comigo se suje e se limpe na cozinha, enquanto faço uma bella pizza numa sexta à noite... E que coma! Basta de mulheres movidas a saladinhas... que ela tope japonês, italiano, mexicano, português e americano...todo tipo de comida. Que ela faça doces incríveis, e que mesmo eu não gostando de doce, eu possa dizer “ficou incrível, como a doceira”. E que ao provar algo novo, por mais que ela não goste, olhe pra mim como quem vai começar a rir a qualquer momento. Ria... que ria muito! E não só ria de mim, mas que ria de si mesma ao me fazer rir. Que seja divertida, um quê de curiosa, e que faça aquela carinha que só meninas molecas podem fazer: rindo de leve, progressivamente, enquanto vão cerrando os olhos enquanto te observa. E que me olhe mantendo sempre no olhar o brilho que uma menina tem; o brilho apaixonante de quem vive um dia por vez, e faz uso dessas 24 horas como se foram suas últimas.
Que goste de poesia e literatura. Não uma expert em Drummond, ou que já tenha lido toda a obra de Dostoyevski, mas que possa comentar comigo o principal de livros mais conhecidos. Que não ache poesia coisa de frutinha, e que se sinta a maior das mulheres se eu recito pra ela a Lira XIII de Via Láctea, olhando fundo nos olhos. Uma mulher que vença os medos e bata de frente com os problemas, e que assim também me faça enfrentar os meus. Que me mantenha com os pés no chão, mas sempre sonhando acordado ao seu lado; que construamos castelos nas nuvens, mas fortes e sólidos como templos em homenagem aos amantes.
Uma mulher que saiba que a medicina me toma tempo. De preferência que viva isso também, porque só um médico entende outro médico. E que ao ser acordada no meio da noite por um dos celulares, pergunte: “Qual dos Drs eles querem?”. Lembrando: que não seja alta hein Sr! Não esqueça que fizeste teu filho pequenino, no que tange a altura...
Que tenha já pela manhã aquele cheiro doce das mulheres, e que, no meio do sono, com a cabeça repousada no meu peito, balbucie: “te amo”. E que grave na minha alma sua presença, pois ao ser eterno enquanto dure, se não for para sempre, que ao menos marque eternamente.
Amém.

Desculpem vosso autor se ficou longo, mas espero que gostem... Homenagem a uma bela princesinha dos cachinhos dourados, que me pediu que postasse este texto aqui.
Reflita Também...

07 junho 2008

Micro-Crônica : Cena 1

"Quando a gente percebe que uma mulher faz caretinhas...Fudeu,não é?!", e eu fiz que sim com a cabeça, ouvindo a reprodução da história diretamente do real interlocutor desta. Prossegui...ou melhor, deixei que prosseguissem.
"Vou chutar o balde,dane-se! Ela tem namorado,mas foda-se!!!Tem certas horas na vida que temos que torcer o errado em certo,não é?!"; mais uma vez concordei... um esboço de sorriso de canto de boca sobreveio... mas não era graça, non era allegro, non molto, era uma pontada de inveja. O desejo por ímpetos me consumia todos os dias, e mais me tocava frente os ímpetos alheios. Daria meu mundo por uma cara-de-pau, bezuntada em óleo-de-peroba, daquelas brilhosas e cheias de coragem.
"A eles e a nós happy Valentine's day!!!!". De acordo: a eles, felicidades mil. E que possam sorrir a alegria buscada por muitos, que se tornem plenos do frescor que é uma paixão recém-descoberta, que batam de frente com o mundo, se este ousar tentar impedir tudo o que farão juntos.
Ficam meus mais sinceros votos de alegrias infindáveis, cheias, amplas... completas.
Resto eu, a esperar. O mundo passa lá fora, e sou o mais atento dos observadores, exponenciando minha catarse, enquanto os namoros não acabam. Ou não começam.
........cortinas, pano rápido!

31 maio 2008

Em xeque

...................................(continuação):
Ilusão

Por um momento parei.
Um click... e o tempo nunca fora tão
.................................................[importante.

Ouvia, atento,
Como quem espera o próximo segundo;
Olhava, vidrado,
Pedindo que a cena se extendesse eternamente...

Sem medo nem pudor, me entreguei
E nada mais, ao redor, valia...
Havia, e tão só havia,
A surpresa que meu corpo contemplava.
Digo corpo, sim,
Pois não só meus olhos me serviam.
Imagem, som, cheiro e vibração lá estavam.

Como seria possível?
Poderia a luz preferi-la aos demais?
Poderiam mi's, sol's e lá's envolvê-la de propósito?
Poderiam os cachos exalar tamanho torpor?
E seu corpo, mover-se deixando rastros no ar?

Eu sorria... e só me dei conta após muito fazê-lo.
Achei graça em mim mesmo...
Não me controlava... meus olhos brilhavam.
A criança se mostrava em mim para quem quisesse ver.

A música acabou... a dança cessou...
Centrei-me e tentei evitar a 'bandeira'.
Por mais que faltem esperanças, nada ocorra,
Guardei em mim uma das mais belas composições que já presenciei.
Obra bela... dona de simplicidade exuberante...


---------- Meus caros amigos, lembrem-se: a vida é feita dos pequenos momentos que ficam para a eternidade. Pensem, avaliem... Reflitam também...

À prova

Sempre fiz questão de manter em mente uma das mais famosas citações de Nietzsche: "Convicções são Prisões". Fazia isso, conscientemente, com o intuito de jamais me fechar em "verdades absolutas" ou opiniões únicas. Uma idéia minha, entretanto, jamais consegui sobrepor; achar que eu conseguia decifrar as pessoas por inteiro, e de cara, como quem tem um faro para desvendar o outro. Pensava que nada me surpreenderia depois do primeiro impacto... que jamais poderiam, após já os ter conhecido, causar espanto.
Preciso ir mais longe para dizer que fui posto à prova?
Felizmente, de maneira boa.
É como descobrir uma gaveta perfumada em um móvel antigo. Conseguir abrir uma caixinha de música de cuja tranca não se tinha a chave. Algo inteiramente novo... que eu jamais esperaria... (continua... mas desde já: Reflita Também...)

Musicalis 4

Cecília - Chico Buarque

Quantos artistas
Entoam baladas
Para suas amadas
Com grandes orquestras
Como os invejo
Como os admiro
Eu, que te vejo
E nem quase respiro


Quantos poetas
Românticos, prosas
Exaltam suas musas
Com todas as letras
Eu te murmuro
Eu te suspiro
Eu, que soletro
Teu nome no escuro


Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas
Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores

Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir
----------------------------
Sem mais... Reflita Também...

02 maio 2008

Tabacaria - Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Há muito penso em postar esta obra-prima do admirável Fernando Pessoa. A extensão do poema foi, entretanto, uma barreira para tal... Isto porque sei bem que o tamanho de uma postagem pode atrair ou afastar os leitores.

Digo apenas que a leitura é totalmente válida. Por 2 motivos principais: 1- este poema foi eleito o melhor poema de língua portuguesa de todos os tempos por uma comissão dos mais entendidos literados de todos os países lusófonos (o que para muitos, com razão, não diz nada); e 2- porque EU concordo com eles... rs na minha pequena experiência literária... mas é isso. Minha indicação de hoje. O link segue abaixo.
http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.html


Aproveitem meus caros: é algo inesquecível, eu garanto.
Beijos, abraços e apertos de mão. Não se esqueçam, reflitam também.

01 maio 2008

Sobre a sinceridade

Característica humana que eu mais admiro. Simples assim.
Difícil de se encontrar na forma mais pura atualmente, isto porque uma infinidade de, ditos, valores se põem a sua frente... entendam: hoje é mais aceito que se minta do que se faça mal a uma pessoa, tal que a sinceridade é posta em cheque para evitar um mal-estar (muitas vezes, este, imprescindível...).
Nem por isso culpo quem usa essa estratégia. Eu mesmo sou "usuário"; ela é essencial hoje. Boas relações humanas e blá blá blá. Enfim, o que digo é que, por vezes, isto demonstra, na verdade, que quem omite realmente se importa com quem recebe a mentira. Quem torna a sinceridade facultativa, em muito, não quer magoar o próximo. E isso me conforta.
Conforta e ensina. Aliás, passei por algo que me mostrou amadurecido... Cena incômoda, mas com qual lidei muitíssimo melhor do que já presumi que lidaria. Fora o baque do momento, meu coração se mostrou maduro... e assim segui. A maturidade e a pseudo-sinceridade andaram juntas, ainda que só por um momento.
Acham isso possível leitores? Reflitam também...

p.s.: por nada passamos incólunes... e mesmo sem me afetar muito, acho que somatizei mais uma vez... alguém salve meu estômago após uma pizza e um soco... rs

Somatização

s.f., [1] Manifestação um conflito psíquico numa afecção somática; [2] Transformação de um mal psicológico ou emocional em doença ou sintoma físico, [3] Mal composto por sintomas físicos sem motivo patológico aparente, expressão do mal-estar psíquico a que alguem é disposto ou a sucessivos estresses passados pelo indivíduo.

Inicio o post de hoje de maneira técnica, seja clínica ou lingüísticamente, para elucidar algo crescente na vida contemporânea. Os incômodos diários que passamos, nos geram uma carga de tensão inigualável. Até mesmo pequenas coisas se exponenciam sem que queiramos... uma fechada no trânsito, uma espera na fila do banco... Pequenos incidentes, que jamais mudariam nosso humor vêm alcançando proporções Titânicas. Esse é um dos maiores preços que se paga pela vida hoje. Nunca passou por isso? Está certo, leitor?

Febre sem gripe? Dor no corpo e nada de dengue? Muito sono e você nem virou as últimas noites? Uma azia terrível e você não sabe o porquê ?(ou o médico não encontra o motivo?)

Não quero ser intimista neste post... por isso evito abrir o peito e me faço até informal para tal...Só quero dizer que, frente a todos os estresses, uma azia persistente e uma imagem na cabeça é o que mais me fazem mal...

O que lhe faz mal hoje?? Reflita também leitor...

11 abril 2008

2 Frases para terminar o dia...

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos.
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu...


*Não pretendia escrever nada extra, mas deu vontade:
Viva a Hipermetropia que rege o Mundo!

Ditaduras e Dizeres

Hoje, 11 de abril de 2008, as ditaturas que ainda nos corrompem a cada segundo tomaram um baque. Usamos da arma mais simples para lhes impor um golpe: o senso crítico humano. Um ato pensado, estudado, centrado, concentrado...
Valendo-nos da curiosidade intrínseca aos universitários, fizemos dezenas de pessoas se questionarem quanto aos valores que lhes são impostos. Moda? Beleza? Notas? Celular? Consumismo? Artes? Música? Tempo?
Com uma simples frase, todo um centro de pesquisas se viu desafiado...
"Sob quais Ditaduras você vive hoje?"

É isso meus caros... A cada passo que damos, ajudamos a Terra a girar, pois é um passo que fica para trás. Jamais esquecido, entretanto, pois deixa o solo abaixo dele marcado.
Lembrem-se do que disse um astronauta conhecido, sem saber que proferia palavras eternas: "Um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para a Humanidade".
Não se esqueçam que, por menor que uma ação pareça, grande ela pode se fazer, dado que tem sempre o poder de ultrapassar planos, extravazar alicerces e alcançar indivíduos que você sequer conhece...

Pense nisso... Reflita também...

21 março 2008

Primeira Lei

"Um homem é capaz de reconhecer que encontrou a mulher certa para estar a seu lado pelo resto dse sua vida quando tem plena certeza de que pode se re-apaixonar por ela todos os dias que virão."

Pense nisso... Reflita também...

Formato Mínimo

Resolvi não mais abandonar este blog às moscas virtuais. Firmo o compromisso de escrever pequenos posts ao menos semanalmente aqui... Posts como flashes, flashes como aos que somos dispostos todos os dias. Nas ruas. Nos ônibus. Na vida. Compostos por versos, frases ou mesmo uma só palavra, que quando expressiva, vale por si só.

Hoje lanço um mote de discussão. Caros leitores, nas suas opiniões, qual é o limite que se deve aceitar como plausível de preocupação em relação a certo tópico. Trocando em miúdos: o que vocês crêem ser a mínima coisa com que se deve preocupar. Explico. É viável se deixar atormentar por coisas (aparentemente) pequenas? Algo pífio para uns pode (mesmo) ser um martírio para outros?

Diga. Expresse seus sentimentos e opiniões. Reflita também...

17 março 2008

Poesia da Anti-Lira

Cansei!
Não quero mais o visual bonzinho,
Confundido com tapado.
Não quero mais os risos fáceis,
De consolo amparado.
Basta de fechar os olhos pro mundo
E a dados médicos estar fadado.
Parar ponteiros com os dedos,
Impor querer de um relógio parado.
Quero uma mulher que eu ame,
Que me faça sentir amado.
Aprender novas línguas,
Sem achar meu qi desperdiçado.
Nada de intelectuais,
Quero um ignorante ignorado.
Me sentir em paz com a Religião,
Não um pecador amedrontado.
Dinheiro que tire do sufoco,
Acabe com esse momento enjaulado.
Dirigir com o vento no rosto,
Esquecer do momento fracassado.
Voltar a ler...
Voar alado...
E me desligar da preocupação com a lira,
Sem me importar com a pobreza da Rima de fin' ado.


Beijos mil meus caros leitores, que acredito se resumirem a 5 ou 6... mas que por isso mesmo lhes tenho um apreço extremo. Deixo claro que este não é o post que eu pretendia fazer semana passada, e que a vários de vocês prometi, mas coisas mudam, cabeças rodam, mentes se perdem... É o mundo; dá voltas, não é assim que dizem?
Aproveitem, pensem e que cada um não se esqueça: Reflita também!

01 março 2008

Musicalis Fracionatum

Hoje trago a vós uma edição especial do já conhecido post temático de músicas por aqui.
Darei espaço à atipia; numa época em que é regra retirar um trecho de certo discurso para colocá-lo fora de um contexto, faço o contrário: escolherei trechos musicais que, visivelmente, falam mais que a música de que foram extraídos, por inteira. Seja por excessos, extremismos ou mesmo algo tido como gosto duvidoso, cá estão os trechos que se destacam do todo e mostram sua verdadeira força aos ouvidos, neste momento:

"Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido"

"...
Não dá pra ficar cara a cara
Eu quero esquecer,mas se vejo você
Coração dispara
Por isso não quero te ouvir nem te olhar
Melhor continuar como estamos
..."

"Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est égal"

"Viva forever,
I'll be waiting,
Everlasting like the sun,
Live forever, for the moment,
Ever searching for the one."

"A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor"

Agradeço pela contribuição respectiva de grandes artistas: Leãozinho, Carlinhos, Miss Eller, as meninas-mulheres e o Viola de ouro... Taí. A diversidade é o que rege o mundo...
beijos e abraços
não se esqueça: Reflita também!