28 julho 2009

Combinatória (n!)

Não é muito original, dado que acredito estar entre milhões que pensam de mesma maneira, mas vejo o ponto da vida de uma pessoa a que esta chegou como o resultado de uma série de escolhas prévias. escolhas tão numerosas, em infinitas situações, que tornam o presente fruto do produto delas. Seja "sim ou não", "azul, amarelo ou vermelho", "praia ou montanha", "livro, filme ou música", poderíamos estar em qualquer outro lugar, caso a outra opção tivesse sido escolhida.
Bem, exemplifico com um caso fictício:

João amou Maria no momento que a viu. Apaixonara-se pelo sorriso abrangente e ao mesmo tempo contido. Dividiam a mesma turma; tornaram-se amigos. Divertiam-se nos momentos juntos, como se um completasse a cena proposta pelo outro. Alcançaram o grau de complementariedade em que se ó possível antever o que o outro dirá, ou o que o primeiro pensa. João sentia necessidade por mais. Já não queria apenas ter Maria como amiga. Sabia que era capaz de se reapaixonar por ela a cada dia; estava certo de que poderia construir tudo a seu lado. "Juntos podemos tudo". Precisava de uma chance. Prestaria o exame de direção em breve, e era o que precisava. Antes mesmo de fazê-lo em férias, convidou sutilmente Maria para sair. De maneira indireta, superficial, sem por os carros na frente dos bois. Praia seria o ambiente ideal para declarar-se. Com sol a pino, ondas molhando-lhes os pés, servindo água de coco à moça. Fez a prova, passou, pegou o carro e, num dia claro como nenhum outro, de cores quentes e vibrantes, buscou Maria em casa. Tiveram juntos um dia perfeito. Só ele naquele momento podia ver que o sorriso radiante dela se fundia com o cenário, de maneira tão perfeita que a beleza daquela mulher não poderia ser mais natural. Declarou-se. Já segurava a mão de Maria, quando deixou-se levar pelo coração em franca taquicardia e a beijou. A moça retribuiu, com igual paixão. Amor. Recíproco e imutável. Namoraram, viveram, partilharam e decidiram. Noivaram, amaram mais e casaram. Trabalharam, cresceram e envelheceram. Juntos. Fortes. Únicos. Ele sabendo que tivera a mulher de sua vida, e ela amando o homem que fora feito pra si.
Mas a vida é feita de combinações. E pra que isso ocorresse, as escolhas pareadas de tal forma que predispusessem isso, aos 2, somavam uma probabilidade de 1 para 10²³. Nessa situação, João não deixou de passar na prova de direção e ambos tiveram um verão de sol todos os dias. Os 2 não deixaram de se falar pelo acaso, Maria não conheceu melhor Antônio nem foi a uma pizzaria com ele. João e Maria não separaram seus grupos, nem deixaram de se esbarrar em sala e muito menos fingiam não sentir o perfume um do outro quando dividiam a mesma bancada, lado a lado. Os 2 sorrisos não se extinguiram e os olhares não deixaram de ser trocados. Os lábios não se furtaram de sussurrar elogios e de sorrir simplesmente por ver o outro...
A vida é feita de combinações... e nessa combinatória as chances são muitas, nem sempre favoráveis ou presumíveis...
Concorda leitor? Reflita também...

7 comentários:

Rafaella disse...

Amigo,

amei o texto...História bemm bonita...

Unknown disse...

Covardia!Especialmente se a moça não tão moça,sua fã e leitora anda pensando muito,por demais no tempo,nos encontros indevidos,em intensidades contidas,em bons modos...Definitivamente a minha combinatória foi favorável a outra...Snif...

Unknown disse...

Covardia!Especialmente se a moça não tão moça,sua fã e leitora anda pensando muito,por demais no tempo,nos encontros indevidos,em intensidades contidas,em bons modos...Definitivamente a minha combinatória foi favorável a outra...Snif...

Roberta Nicodemos disse...

Ameeei! [=

Anônimo disse...

Lindo! Gosto mais dos seus textos mais simples pq entendo mais rapido...rs. Eh muito bonita a maneira que vc conta fatos simples, nomes simples... E esse texto termina meio q novela e deixa a gente na expectativa: No final, a Maria termina ou nao com o Joao?

Bjos para o meu poeta favorito.

Carol sem nome

Selina Kyle disse...

Texto Maravilhoso...como tudo o que leio nesse blog!
Parabéns!!!
Bjs!

Anônimo disse...

O que resta a fazer é deixar a análise combinatória seguir seu rumo, escolhendo o que pareça ser o que o coração manda, quem sabe levando ao um dia feliz e raro. Mas como somos finitos, não queremos apenas um dia....mas tudo começa com ele...um belo dia. Bjo