31 maio 2008

Em xeque

...................................(continuação):
Ilusão

Por um momento parei.
Um click... e o tempo nunca fora tão
.................................................[importante.

Ouvia, atento,
Como quem espera o próximo segundo;
Olhava, vidrado,
Pedindo que a cena se extendesse eternamente...

Sem medo nem pudor, me entreguei
E nada mais, ao redor, valia...
Havia, e tão só havia,
A surpresa que meu corpo contemplava.
Digo corpo, sim,
Pois não só meus olhos me serviam.
Imagem, som, cheiro e vibração lá estavam.

Como seria possível?
Poderia a luz preferi-la aos demais?
Poderiam mi's, sol's e lá's envolvê-la de propósito?
Poderiam os cachos exalar tamanho torpor?
E seu corpo, mover-se deixando rastros no ar?

Eu sorria... e só me dei conta após muito fazê-lo.
Achei graça em mim mesmo...
Não me controlava... meus olhos brilhavam.
A criança se mostrava em mim para quem quisesse ver.

A música acabou... a dança cessou...
Centrei-me e tentei evitar a 'bandeira'.
Por mais que faltem esperanças, nada ocorra,
Guardei em mim uma das mais belas composições que já presenciei.
Obra bela... dona de simplicidade exuberante...


---------- Meus caros amigos, lembrem-se: a vida é feita dos pequenos momentos que ficam para a eternidade. Pensem, avaliem... Reflitam também...

À prova

Sempre fiz questão de manter em mente uma das mais famosas citações de Nietzsche: "Convicções são Prisões". Fazia isso, conscientemente, com o intuito de jamais me fechar em "verdades absolutas" ou opiniões únicas. Uma idéia minha, entretanto, jamais consegui sobrepor; achar que eu conseguia decifrar as pessoas por inteiro, e de cara, como quem tem um faro para desvendar o outro. Pensava que nada me surpreenderia depois do primeiro impacto... que jamais poderiam, após já os ter conhecido, causar espanto.
Preciso ir mais longe para dizer que fui posto à prova?
Felizmente, de maneira boa.
É como descobrir uma gaveta perfumada em um móvel antigo. Conseguir abrir uma caixinha de música de cuja tranca não se tinha a chave. Algo inteiramente novo... que eu jamais esperaria... (continua... mas desde já: Reflita Também...)

Musicalis 4

Cecília - Chico Buarque

Quantos artistas
Entoam baladas
Para suas amadas
Com grandes orquestras
Como os invejo
Como os admiro
Eu, que te vejo
E nem quase respiro


Quantos poetas
Românticos, prosas
Exaltam suas musas
Com todas as letras
Eu te murmuro
Eu te suspiro
Eu, que soletro
Teu nome no escuro


Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas
Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores

Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir
----------------------------
Sem mais... Reflita Também...

02 maio 2008

Tabacaria - Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Há muito penso em postar esta obra-prima do admirável Fernando Pessoa. A extensão do poema foi, entretanto, uma barreira para tal... Isto porque sei bem que o tamanho de uma postagem pode atrair ou afastar os leitores.

Digo apenas que a leitura é totalmente válida. Por 2 motivos principais: 1- este poema foi eleito o melhor poema de língua portuguesa de todos os tempos por uma comissão dos mais entendidos literados de todos os países lusófonos (o que para muitos, com razão, não diz nada); e 2- porque EU concordo com eles... rs na minha pequena experiência literária... mas é isso. Minha indicação de hoje. O link segue abaixo.
http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.html


Aproveitem meus caros: é algo inesquecível, eu garanto.
Beijos, abraços e apertos de mão. Não se esqueçam, reflitam também.

01 maio 2008

Sobre a sinceridade

Característica humana que eu mais admiro. Simples assim.
Difícil de se encontrar na forma mais pura atualmente, isto porque uma infinidade de, ditos, valores se põem a sua frente... entendam: hoje é mais aceito que se minta do que se faça mal a uma pessoa, tal que a sinceridade é posta em cheque para evitar um mal-estar (muitas vezes, este, imprescindível...).
Nem por isso culpo quem usa essa estratégia. Eu mesmo sou "usuário"; ela é essencial hoje. Boas relações humanas e blá blá blá. Enfim, o que digo é que, por vezes, isto demonstra, na verdade, que quem omite realmente se importa com quem recebe a mentira. Quem torna a sinceridade facultativa, em muito, não quer magoar o próximo. E isso me conforta.
Conforta e ensina. Aliás, passei por algo que me mostrou amadurecido... Cena incômoda, mas com qual lidei muitíssimo melhor do que já presumi que lidaria. Fora o baque do momento, meu coração se mostrou maduro... e assim segui. A maturidade e a pseudo-sinceridade andaram juntas, ainda que só por um momento.
Acham isso possível leitores? Reflitam também...

p.s.: por nada passamos incólunes... e mesmo sem me afetar muito, acho que somatizei mais uma vez... alguém salve meu estômago após uma pizza e um soco... rs

Somatização

s.f., [1] Manifestação um conflito psíquico numa afecção somática; [2] Transformação de um mal psicológico ou emocional em doença ou sintoma físico, [3] Mal composto por sintomas físicos sem motivo patológico aparente, expressão do mal-estar psíquico a que alguem é disposto ou a sucessivos estresses passados pelo indivíduo.

Inicio o post de hoje de maneira técnica, seja clínica ou lingüísticamente, para elucidar algo crescente na vida contemporânea. Os incômodos diários que passamos, nos geram uma carga de tensão inigualável. Até mesmo pequenas coisas se exponenciam sem que queiramos... uma fechada no trânsito, uma espera na fila do banco... Pequenos incidentes, que jamais mudariam nosso humor vêm alcançando proporções Titânicas. Esse é um dos maiores preços que se paga pela vida hoje. Nunca passou por isso? Está certo, leitor?

Febre sem gripe? Dor no corpo e nada de dengue? Muito sono e você nem virou as últimas noites? Uma azia terrível e você não sabe o porquê ?(ou o médico não encontra o motivo?)

Não quero ser intimista neste post... por isso evito abrir o peito e me faço até informal para tal...Só quero dizer que, frente a todos os estresses, uma azia persistente e uma imagem na cabeça é o que mais me fazem mal...

O que lhe faz mal hoje?? Reflita também leitor...