21 junho 2008

Dia dos Namorados em Atraso

Com um pouco de atraso, venho publicar este texto que surgiu de um desafio lançado pela grande amiga Lina, em celebração ao dia dos namorados. Ao fazer a versão masculina, Lininha me convidou a, com o devido paralelismo, criar a versão feminina para o texto. Cá está a reprodução caros amigos:

Prece pela Namorada Possível

Senhor, venho pedir uma namorada possível. Tudo bem, eu sei que sempre peço o mesmo ao Sr, seja em oração ou desespero, indo dormir ou na boate, mas acho que mereço né, Pai? Sou um homem fiel, que crê no desacreditado amor verdadeiro. Faço minhas obras sem esperar retorno dos beneficiados; não na profissão, mas no jeito de lidar com as pessoas, fazê-las sentirem-se melhor e amparadas. Me desfiz de toda idéia pré-formada, de todo pré-conceito e de todo ideário incurtido erroneamente em mim. Já até mudei minha posição inicial de “bonzinho”, que tanto elogiam mas igualmente repudiam as tais mulheres. Eu que tenho em mente a missão diária de fazer todos rirem não posso também estampar minha cara com sorrisos? Dôo a minha vida em prol dos necessitados, deixando de viver momentos pelos quais todos passam, e nada?! Sem querer questionar meu merecimento e meu crédito com o Sr, acho que estou merecendo sim!
Não uma namorada qualquer, achada num momento de solidão (em que qualquer uma serviria, e serviram!) mas uma menina nova, achada no meio de tantas outras, mas que do meio da multidão se destaque. Que emita uma luz brilhante, que ofusque mesmo a quem ousar desviar o olhar. Não quero uma deusa grega, porque Olimpiano não me fizeste. Quero uma bela moça, divinamente humana, humanamente divina. Que aceite ir ao cinema, de pronto, numa terça-feira depois da faculdade, se der vontade. Que divida um potão de sorvete comigo, seja creme da Kibon de morango da Häagen-Dasz, vendo um DVD, de House a Simpsons, comédia ou terror. Uma mulher que me tape os olhos ao me ver antes de eu vê-la, e me faça a surpresa como quem diz: “adivinha quem é?!”; que me tire de casa para passear sem planos feitos, seguindo pra onde quer que o vento nos leve.
Uma garota que dance! E dance melhor do que eu, mas que me ensine o necessário para acompanhá-la, e vê-la girar com a leveza de uma bailarina e o balanço de uma passista; que dance sem vergonha de que a vejam dançar, livre como uma ave, criando passos, por mais tolos que pareçam, mas que se divirta fazendo isso. E que não se prenda a um tipo só de música, mas adore a todos como eu, e que dance a todas também, sambando pra mim ou valsando comigo. Que ela me apresente a um mundo de coisas novas, me leve a descobrir a beleza de coisas menores do que as já admiro, e me mostre que na simplicidade das coisas é que habita a beleza. Que encha as minhas mãos de areia usando suas mãos na praia, e me empurre um canudinho de coco na boca dizendo “Prova!”. E que, então, levante meus óculos escuros e, colocando seus olhos nos meus, diga que está gostando do dia ao meu lado.

Uma mocinha delicada, não na vertente medo de bichinhos que voam, mas no jeito leve de ser. Que pegue a máquina fotográfica quando formos ao Jardim Botânico num dia de sol, e que se maravilhe como eu com o número de cores que a natureza cria. E que assim possa enxergar as possibilidades da pintura. Que faça uma tela comigo, se sujando como uma criança com as tintas espalhadas sobre a palheta. Que, não sabendo tocar nenhum instrumento musical como eu, se esforce pra tirar uma nota de um deles, e que vibre ao fazê-lo. E que não pense que ler quadrinhos é coisa de criança! Que jogue video-game comigo, e que eu sempre a deixe ganhar, só pra vê-la pular de alegria e me provocar depois, inclusive com beijinhos.
Que cozinhe, e comigo se suje e se limpe na cozinha, enquanto faço uma bella pizza numa sexta à noite... E que coma! Basta de mulheres movidas a saladinhas... que ela tope japonês, italiano, mexicano, português e americano...todo tipo de comida. Que ela faça doces incríveis, e que mesmo eu não gostando de doce, eu possa dizer “ficou incrível, como a doceira”. E que ao provar algo novo, por mais que ela não goste, olhe pra mim como quem vai começar a rir a qualquer momento. Ria... que ria muito! E não só ria de mim, mas que ria de si mesma ao me fazer rir. Que seja divertida, um quê de curiosa, e que faça aquela carinha que só meninas molecas podem fazer: rindo de leve, progressivamente, enquanto vão cerrando os olhos enquanto te observa. E que me olhe mantendo sempre no olhar o brilho que uma menina tem; o brilho apaixonante de quem vive um dia por vez, e faz uso dessas 24 horas como se foram suas últimas.
Que goste de poesia e literatura. Não uma expert em Drummond, ou que já tenha lido toda a obra de Dostoyevski, mas que possa comentar comigo o principal de livros mais conhecidos. Que não ache poesia coisa de frutinha, e que se sinta a maior das mulheres se eu recito pra ela a Lira XIII de Via Láctea, olhando fundo nos olhos. Uma mulher que vença os medos e bata de frente com os problemas, e que assim também me faça enfrentar os meus. Que me mantenha com os pés no chão, mas sempre sonhando acordado ao seu lado; que construamos castelos nas nuvens, mas fortes e sólidos como templos em homenagem aos amantes.
Uma mulher que saiba que a medicina me toma tempo. De preferência que viva isso também, porque só um médico entende outro médico. E que ao ser acordada no meio da noite por um dos celulares, pergunte: “Qual dos Drs eles querem?”. Lembrando: que não seja alta hein Sr! Não esqueça que fizeste teu filho pequenino, no que tange a altura...
Que tenha já pela manhã aquele cheiro doce das mulheres, e que, no meio do sono, com a cabeça repousada no meu peito, balbucie: “te amo”. E que grave na minha alma sua presença, pois ao ser eterno enquanto dure, se não for para sempre, que ao menos marque eternamente.
Amém.

Desculpem vosso autor se ficou longo, mas espero que gostem... Homenagem a uma bela princesinha dos cachinhos dourados, que me pediu que postasse este texto aqui.
Reflita Também...

07 junho 2008

Micro-Crônica : Cena 1

"Quando a gente percebe que uma mulher faz caretinhas...Fudeu,não é?!", e eu fiz que sim com a cabeça, ouvindo a reprodução da história diretamente do real interlocutor desta. Prossegui...ou melhor, deixei que prosseguissem.
"Vou chutar o balde,dane-se! Ela tem namorado,mas foda-se!!!Tem certas horas na vida que temos que torcer o errado em certo,não é?!"; mais uma vez concordei... um esboço de sorriso de canto de boca sobreveio... mas não era graça, non era allegro, non molto, era uma pontada de inveja. O desejo por ímpetos me consumia todos os dias, e mais me tocava frente os ímpetos alheios. Daria meu mundo por uma cara-de-pau, bezuntada em óleo-de-peroba, daquelas brilhosas e cheias de coragem.
"A eles e a nós happy Valentine's day!!!!". De acordo: a eles, felicidades mil. E que possam sorrir a alegria buscada por muitos, que se tornem plenos do frescor que é uma paixão recém-descoberta, que batam de frente com o mundo, se este ousar tentar impedir tudo o que farão juntos.
Ficam meus mais sinceros votos de alegrias infindáveis, cheias, amplas... completas.
Resto eu, a esperar. O mundo passa lá fora, e sou o mais atento dos observadores, exponenciando minha catarse, enquanto os namoros não acabam. Ou não começam.
........cortinas, pano rápido!