30 dezembro 2008

Auto de Natal

O último dos meses atravessa meus dias
.............................................[como uma adaga
Se espalha como um manto
O gosto acre me torna à boca
E experimento novamente a inanição.
.............................................[Está no ponto!

"Esperança!" gritam mundo afora...
E eu ouço. E ouço. Repito mentalmente,
E nada faço...
Pois mãos efêmeras e lânguidas arrancam,
Fio a fio, a tecelagem do motivo.

Na primeira vez é o novo.
Da segunda, tira-se o espanto.
Surpresa pela falta de reatividade, mais: de atividade,
De um corpo alheio à multidão em vermelho.

Liberto-me. Mentira, me entrego.
Frente àquele nascimento, surgiria-me a força.
E nada me faria mal, dado que tudo posso
.............................................[naquele que me fortalece.

Caio. E ao cair, me perco
Fujo da vivência, desfaço a convivência
Já não questiono...
Sinos tocam, a comida é posta
.............................................[e nada faço

Na primeira, tristeza
Hoje, indiferença...

*********************************************************************************
Em tempo: agradeço à rósea amiga Lina pelo pequeno conserto. ;)

28 novembro 2008

Calmaria

Incrível a capacidade de memória humana...

Desde muito cedo, eu sempre imaginei que o cérebro das pessoas funcionasse como grandes armários de arquivos e que tudo ali guardado estivesse dividido por temas. Uma gaveta para comidas já provadas, outra pra roupas já vestidas, uma terceira para texturas já experimentadas. Mas o que sempre me motivou mais a pensar desta maneira, é que dificilmente se esquece uma música já ouvida... e isso embasava a minha tese. A gaveta de "Músicas Ouvidas" deveria ser a maior de todas; reunindo informações desde a primeira cantiga de ninar, até a pior música que a pessoa já teve o desprazer de pegar mesmo que alguns segundos.

Hoje, sem motivo aparente, pude ouvir de maneira cristalina uma música dentro da minha mente. Praticamente uma alucinação auditiva, de tão perfeita. Mas eu me lembrava pouco da música em questão. Poucas e doces notas, parte de um verso do que parecia o refrão...e a curiosidade que me mata naturalmente. Lancei-me numa busca árdua pela internet, equiparando os 2 maiores arquivos do mundo. Um criado pelo Homem, o outro planejado pelo seu Criador. E encontrei.
Brindo meus leitores com essa pérola... um presente a mim, dado por uma cabeça confusa, mas de muito bom gosto.

Com vocês:
Flávio Venturini e Caetano Veloso em "Céu de Santo Amaro"

Azul-Carolina

Azul claro como o dia!

Não só um, mas

Qual dizia...


Se na Terra algo havia,

Com o mar em cantoria

Toa cantos de Maria


Se de pronto, à revelia,

Faz feliz, como à Cecília.

Luz incisa na piscina

Puro aroma sem rotina...


Sopra o vento,

Vira esquina,

Gira e vira qual cortina!


Faz da cor,

Beleza fina...

Bela como Carolina...



Em homenagem a essa estrelinha que eu tenho a grande honra de ter como amiga.
Obrigado, anjinho dos cachinhos dourados, por existir e me fazer crer na humanidade ainda, viu?
Dedicado também às pessoas que têm amigos queridos assim como eu... eles são grandes presentes... Parem pra pensar nessas bençãos... Reflitam também...

p.s.: Pra quem duvidar da veracidade do tema:
http://en.wikipedia.org/wiki/Carolina_blue

06 novembro 2008

Musicalis 6

En el Muelle de San Blas
(Maná / Fher)

Ella despidió a su amor
Él partió en un barco en el muelle de San Blas
él juró que volvería
y empapada en llanto ella juró que esperaría
miles de lunas pasaron
y siempre ella estaba en el muelle
esperando
Muchas tardes se anidaron
se anidaron en su pelo
y en sus labios

Llevaba el mismo vestido
y por si el volviera no se fuera a equivocar
los cangrejos le mordían
su ropaje, su tristesa y su ilusión
y el tiempo se escurrió
y sus ojos se le llenaron de amaneceres
y del mar se enamoró
y su cuerpo se enraizóen el muelle

Sola
sola en el olvido
sola
sola con su espíritu
sola
sola con su amor en mar
solaaaaaaaa
en el muelle de San Blas

Su cabello se blanqueó
pero ningún barco a su amor le devolvía
y en el pueblo le decían
le decían la loca del muelle de San Blas
y una tarde de abril
la intentaron trasladar al manicomio
nadie la pudo arrancar
Y del mar nunca, jamás la separaron

--Uma bela poesia, caros leitores. Mesmo em espanhol, o entendimento não é difícil não... O ponto de hoje é: qual é o limite de um amor? Até quando é possível se doar sem errar consigo mesmo ou desistir e abandonar uma convicção? Bela história...Pensem... Ponderem... Reflitam também...

Em tempo:

...para não excluir ninguém do entendimento...

Resposta a "O certo e o errado "

Semanas se passaram... Meses correram desde então... mas o artesão, já de volta ao seu vilarejo, sofria com o questionamento em sua mente, que o fazia sentir como se houvesse decorrido apenas algumas horas desde aquele fatídico momento. Já havia retornado a seu ofício, trabalhado madeira, metal, fogo, terra, água... mas o cristal não saía de seu pensamento. Os cristais. Ambos. Irmãos. Semelhantes e tão diferentes.
Lá fora um rapaz gritava: "Nova feira de materiais na cidade vizinha! Venham! Venham!"
Rapidamente o artesão vestiu suas roupas de viagem, alcançou a algibeira e lançou-se em direção ao povoado próximo. Chegando lá, tomou o rumo imediato de onde encontrara previamente o mercador viajante, e lá estava, novamente o senhor que já conhecia. Mostrava-se triste. Ao ser questionado, revelara que desistira da vida de mercador, e que sua ganância e seu desejo de ter tudo para si haviam destruído sua vida.
Lembrou-se de imediato do artesão e sem pensar 2 vezes pôs sobre a mesa da barraca os 2 cristais. Disse-lhe: "Escolha rapaz, podes levar 1 deles!". O artesão sentiu novamente o aperto no peito de meses atrás. Mas desta vez, pode observar ambos os cristais sem pressa. O primeiro ele já conhecia bem; tinha o mesmo ar altivo, mas estava empoeirado agora, perdera um pouco de seu brilho. Ainda era belo e fino, mas tinha sua beleza afrontada pelo cristal irmão ao lado. Olhou o segundo, o que lhe havia sido oferecido como alternativa da primeira vez. Espantou-se por não tê-lo percebido as características antes. A cor não era ligeiramente diferente, à luz do dia, intensificava-se e mostrava-se de um verde lindíssimo, que mudava seu tom de acordo com o ângulo que lhe era imposto ao sol. Este, ao cruzá-lo, deixava raias esperançosas sobre a bancada. O artesão teve certeza que estes feixes poderiam iluminar toda uma casa e assim, a dúvida que lhe era aguda por falta de informações, se tornou crônica por excesso destas. Não mais pensava, apenas sorria ao ver belezas iguais e díspares ao mesmo tempo. Não há certo. Não há errado. A escolha não existe de verdade...

Pense nisso leitor. Reflita também...

05 agosto 2008

Angústia

Graciliano Ramos, em um de seus mais aclamados livros, relata o desespero de um homem, que entrevado em uma cama, ouve tudo à sua volta sem poder se expressar. É esta Angústia que nomeia sua obra. Passo agora por uma inquietude... De certo nem se compara à do protagonista em questão, mas que me abala por dentro. Me aperta o pescoço. Me faz querer gritar, e gritanto, expulsar o peso do peito... sem mais...

18 julho 2008

Musicalis 5

Há muito não deixo belos versos de poetas/músicos aqui para vocês. Percebendo isso, vos brindo com uma das mais fascinantes letras da música brasileira:

O que será (À flor da pele) - Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

------O que será isso leitor? Você já experimentou?

Pois lhe digo: não caia na tentação de provar algo que vicia, sem que tenha a certeza de que o fator adicto nunca lhe será negado... Caso contrário, passará também pela falta, a crise e a abstinência a que muitos são dispostos por se aventurarem a buscar o complemento supressor de suas ânsias.
Pense nisso, Reflita Também...

16 julho 2008

O certo e o errado

Contam que numa antiga vila cravada no meio de uma cadeia de montanhas, um jovem artesão vivia cheio de trabalho e pouco parava para pensar em si mesmo. Estava sempre a servir os outros, e parar de trabalhar lhe parecia um desrespeito com o grande número de apreciadores de sua arte, que adornava desde casas simples na vila quanto palácios fora dos limites dos olhos locais. Um dia, entretanto, procurando novos materiais com que pudesse trabalhar, o artesão, passeando por uma feira numa outra cidade, descobriu um tipo de cristal que nunca havia visto... Já muito haviam lhe falado sobre a matéria-prima, mas só vendo por si mesmo o artesão pôde perceber seu valor. Estava deslumbrado, ansioso por ter pra si aquela maravilha e poder não só moldá-la mas também admirar mesmo a beleza bruta do translúcido cristal.
O dono do vítreo material, um mercador viajante, porém, recusou-se a vender o material. Ao perceber o interesse do artesão, cujos olhos brilhavam frente ao cristal, percebeu o valor deste e disse que nunca fora de seu interesse vender, que desejava apenas fazer uma exposição. E chamando a atenção do artesão, ofereceu-lhe um outro cristal. Não pensem que este era de menor qualidade! Era tão fino e tão belo quanto o primeiro, de cor ligeiramente diferente, e também seria um primor em ser trabalhado, mas deste o artesão nada sabia, e tivera pouco tempo de avaliar, pois de pronto, o mercador escondeu ambos os cristais. O jovem artesão pensou por um momento, e por mais um, e outro... e assim perdeu dias tentando resolver o problema. Aceitaria o segundo cristal, belo como o primeiro, de negociação mais fácil mas sem conhecimento prévio, passando por cima de seu primeiro ímpeto, ou esperaria o invejoso mercador cansar-se do primeiro cristal, liberando-o para a venda, quem sabe depois de demasiado e desgastante tempo, o qual poderia ter trabalhado perfeitamente com o segundo?

Adianto, caro leitor, que não há resposta para tal questão. Um dado importante e, diria eu, até intrigante na vivência humana é que não é tudo que se resume à máxima do certo e do errado.
Como fazer a melhor das escolhas? Não se sabe... ainda mais quando o padrão de correto e incorreto não se aplica... E acredite, esta situação é muito mais freqüente do que imaginamos.
Pense nisso... Reflita também...

05 julho 2008

Desafio Machadiano

Não sei se dormia, mas real que parecia, uma bela fada de alas róseas me veio em sonho. Batia asas, soltando "porpurina" sobre este autor. enquanto lhe sorria, e sorrindo sussurrava: "Serás capaz de cumprir o desafio que lhe proponho?"
Como pudera negar? Encantado que estivera com os olhos luminosos, e o bailar por entre as nuvens, permiti apenas concordar embalando a cabeça. "Escrevais, cavalheiro, e mostrais que podeis terminar os versos que deixei soltos..."
Tento, pois, atender aos desejos do anjo que me fora enviado:


Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Usai mil cores para adornar mundos,
Faz do céu, cerúleo, tua moldura;
Dá vida a meus lívidos segundos.

Olhai pro teu servo, amante teu
Que encantado, sim, observa a ti
E pensa só, em sonhos de Morfeu,
Sem empecilhos, por fim ter-te pra si.

E mui tanto eu daria para tal:
Cuore, vita... meu tudo, afinal!
Sem tu, Oh! flor, resta minha mortalha.

Lutar, é justo, por donzela-flor,
Doar-me pra merecer teu amor...
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!



Como já diziam os Parnasianos, "poesia é tão feita de transpiração quanto de inspiração"...
Deu trabalho, mas espero que a resposta do Desafio esteja aos pés da principesa.
Abraços fortes meus caros, e lembrem-se:
Reflitam também!

04 julho 2008

Quero mais tempestades...

Sempre fui fascinado pela chuva. Desde criança o cheiro de terra molhada me atraía, o visual da torrente minando do céu era incrível. E o melhor de tudo, a fúria da natureza, como que lavasse a insignificância humana sob si, trazia pra mim inspiração sem igual. Era sentir o primeiro vendo diferente, o ar úmido e possivelmente um trovão que, magicamente, eu era capaz de expor melhor o que pensava e, igualmente, pensava melhor também.

Ontem à noite, ao me deitar, senti a perturbação da calmaria lá fora. A brisa cresceu, tornou-se um sopro forte, que zunia por entre as frestas das janelas. Cortinas abertas permitiam que a luz, imediatamente acompanhada de um som expressivo, adentrasse meu quarto. E mais uma vez senti o ímpeto de escrever... Pequei por não ter levantado na mesma hora e ter expresso minhas mais novas frustrações... perdi a inspiração que me veio no momento...

Peço agora (mesmo com vontade enorme de ir à praia e aproveitar as férias) que mais nimbus-cúmulus apareçam no céu, e lavem a alma de um autor simples, sem grandes pretensões, mas com grandes necessidades de falar ao mundo...
Reflita também...

21 junho 2008

Dia dos Namorados em Atraso

Com um pouco de atraso, venho publicar este texto que surgiu de um desafio lançado pela grande amiga Lina, em celebração ao dia dos namorados. Ao fazer a versão masculina, Lininha me convidou a, com o devido paralelismo, criar a versão feminina para o texto. Cá está a reprodução caros amigos:

Prece pela Namorada Possível

Senhor, venho pedir uma namorada possível. Tudo bem, eu sei que sempre peço o mesmo ao Sr, seja em oração ou desespero, indo dormir ou na boate, mas acho que mereço né, Pai? Sou um homem fiel, que crê no desacreditado amor verdadeiro. Faço minhas obras sem esperar retorno dos beneficiados; não na profissão, mas no jeito de lidar com as pessoas, fazê-las sentirem-se melhor e amparadas. Me desfiz de toda idéia pré-formada, de todo pré-conceito e de todo ideário incurtido erroneamente em mim. Já até mudei minha posição inicial de “bonzinho”, que tanto elogiam mas igualmente repudiam as tais mulheres. Eu que tenho em mente a missão diária de fazer todos rirem não posso também estampar minha cara com sorrisos? Dôo a minha vida em prol dos necessitados, deixando de viver momentos pelos quais todos passam, e nada?! Sem querer questionar meu merecimento e meu crédito com o Sr, acho que estou merecendo sim!
Não uma namorada qualquer, achada num momento de solidão (em que qualquer uma serviria, e serviram!) mas uma menina nova, achada no meio de tantas outras, mas que do meio da multidão se destaque. Que emita uma luz brilhante, que ofusque mesmo a quem ousar desviar o olhar. Não quero uma deusa grega, porque Olimpiano não me fizeste. Quero uma bela moça, divinamente humana, humanamente divina. Que aceite ir ao cinema, de pronto, numa terça-feira depois da faculdade, se der vontade. Que divida um potão de sorvete comigo, seja creme da Kibon de morango da Häagen-Dasz, vendo um DVD, de House a Simpsons, comédia ou terror. Uma mulher que me tape os olhos ao me ver antes de eu vê-la, e me faça a surpresa como quem diz: “adivinha quem é?!”; que me tire de casa para passear sem planos feitos, seguindo pra onde quer que o vento nos leve.
Uma garota que dance! E dance melhor do que eu, mas que me ensine o necessário para acompanhá-la, e vê-la girar com a leveza de uma bailarina e o balanço de uma passista; que dance sem vergonha de que a vejam dançar, livre como uma ave, criando passos, por mais tolos que pareçam, mas que se divirta fazendo isso. E que não se prenda a um tipo só de música, mas adore a todos como eu, e que dance a todas também, sambando pra mim ou valsando comigo. Que ela me apresente a um mundo de coisas novas, me leve a descobrir a beleza de coisas menores do que as já admiro, e me mostre que na simplicidade das coisas é que habita a beleza. Que encha as minhas mãos de areia usando suas mãos na praia, e me empurre um canudinho de coco na boca dizendo “Prova!”. E que, então, levante meus óculos escuros e, colocando seus olhos nos meus, diga que está gostando do dia ao meu lado.

Uma mocinha delicada, não na vertente medo de bichinhos que voam, mas no jeito leve de ser. Que pegue a máquina fotográfica quando formos ao Jardim Botânico num dia de sol, e que se maravilhe como eu com o número de cores que a natureza cria. E que assim possa enxergar as possibilidades da pintura. Que faça uma tela comigo, se sujando como uma criança com as tintas espalhadas sobre a palheta. Que, não sabendo tocar nenhum instrumento musical como eu, se esforce pra tirar uma nota de um deles, e que vibre ao fazê-lo. E que não pense que ler quadrinhos é coisa de criança! Que jogue video-game comigo, e que eu sempre a deixe ganhar, só pra vê-la pular de alegria e me provocar depois, inclusive com beijinhos.
Que cozinhe, e comigo se suje e se limpe na cozinha, enquanto faço uma bella pizza numa sexta à noite... E que coma! Basta de mulheres movidas a saladinhas... que ela tope japonês, italiano, mexicano, português e americano...todo tipo de comida. Que ela faça doces incríveis, e que mesmo eu não gostando de doce, eu possa dizer “ficou incrível, como a doceira”. E que ao provar algo novo, por mais que ela não goste, olhe pra mim como quem vai começar a rir a qualquer momento. Ria... que ria muito! E não só ria de mim, mas que ria de si mesma ao me fazer rir. Que seja divertida, um quê de curiosa, e que faça aquela carinha que só meninas molecas podem fazer: rindo de leve, progressivamente, enquanto vão cerrando os olhos enquanto te observa. E que me olhe mantendo sempre no olhar o brilho que uma menina tem; o brilho apaixonante de quem vive um dia por vez, e faz uso dessas 24 horas como se foram suas últimas.
Que goste de poesia e literatura. Não uma expert em Drummond, ou que já tenha lido toda a obra de Dostoyevski, mas que possa comentar comigo o principal de livros mais conhecidos. Que não ache poesia coisa de frutinha, e que se sinta a maior das mulheres se eu recito pra ela a Lira XIII de Via Láctea, olhando fundo nos olhos. Uma mulher que vença os medos e bata de frente com os problemas, e que assim também me faça enfrentar os meus. Que me mantenha com os pés no chão, mas sempre sonhando acordado ao seu lado; que construamos castelos nas nuvens, mas fortes e sólidos como templos em homenagem aos amantes.
Uma mulher que saiba que a medicina me toma tempo. De preferência que viva isso também, porque só um médico entende outro médico. E que ao ser acordada no meio da noite por um dos celulares, pergunte: “Qual dos Drs eles querem?”. Lembrando: que não seja alta hein Sr! Não esqueça que fizeste teu filho pequenino, no que tange a altura...
Que tenha já pela manhã aquele cheiro doce das mulheres, e que, no meio do sono, com a cabeça repousada no meu peito, balbucie: “te amo”. E que grave na minha alma sua presença, pois ao ser eterno enquanto dure, se não for para sempre, que ao menos marque eternamente.
Amém.

Desculpem vosso autor se ficou longo, mas espero que gostem... Homenagem a uma bela princesinha dos cachinhos dourados, que me pediu que postasse este texto aqui.
Reflita Também...

07 junho 2008

Micro-Crônica : Cena 1

"Quando a gente percebe que uma mulher faz caretinhas...Fudeu,não é?!", e eu fiz que sim com a cabeça, ouvindo a reprodução da história diretamente do real interlocutor desta. Prossegui...ou melhor, deixei que prosseguissem.
"Vou chutar o balde,dane-se! Ela tem namorado,mas foda-se!!!Tem certas horas na vida que temos que torcer o errado em certo,não é?!"; mais uma vez concordei... um esboço de sorriso de canto de boca sobreveio... mas não era graça, non era allegro, non molto, era uma pontada de inveja. O desejo por ímpetos me consumia todos os dias, e mais me tocava frente os ímpetos alheios. Daria meu mundo por uma cara-de-pau, bezuntada em óleo-de-peroba, daquelas brilhosas e cheias de coragem.
"A eles e a nós happy Valentine's day!!!!". De acordo: a eles, felicidades mil. E que possam sorrir a alegria buscada por muitos, que se tornem plenos do frescor que é uma paixão recém-descoberta, que batam de frente com o mundo, se este ousar tentar impedir tudo o que farão juntos.
Ficam meus mais sinceros votos de alegrias infindáveis, cheias, amplas... completas.
Resto eu, a esperar. O mundo passa lá fora, e sou o mais atento dos observadores, exponenciando minha catarse, enquanto os namoros não acabam. Ou não começam.
........cortinas, pano rápido!

31 maio 2008

Em xeque

...................................(continuação):
Ilusão

Por um momento parei.
Um click... e o tempo nunca fora tão
.................................................[importante.

Ouvia, atento,
Como quem espera o próximo segundo;
Olhava, vidrado,
Pedindo que a cena se extendesse eternamente...

Sem medo nem pudor, me entreguei
E nada mais, ao redor, valia...
Havia, e tão só havia,
A surpresa que meu corpo contemplava.
Digo corpo, sim,
Pois não só meus olhos me serviam.
Imagem, som, cheiro e vibração lá estavam.

Como seria possível?
Poderia a luz preferi-la aos demais?
Poderiam mi's, sol's e lá's envolvê-la de propósito?
Poderiam os cachos exalar tamanho torpor?
E seu corpo, mover-se deixando rastros no ar?

Eu sorria... e só me dei conta após muito fazê-lo.
Achei graça em mim mesmo...
Não me controlava... meus olhos brilhavam.
A criança se mostrava em mim para quem quisesse ver.

A música acabou... a dança cessou...
Centrei-me e tentei evitar a 'bandeira'.
Por mais que faltem esperanças, nada ocorra,
Guardei em mim uma das mais belas composições que já presenciei.
Obra bela... dona de simplicidade exuberante...


---------- Meus caros amigos, lembrem-se: a vida é feita dos pequenos momentos que ficam para a eternidade. Pensem, avaliem... Reflitam também...

À prova

Sempre fiz questão de manter em mente uma das mais famosas citações de Nietzsche: "Convicções são Prisões". Fazia isso, conscientemente, com o intuito de jamais me fechar em "verdades absolutas" ou opiniões únicas. Uma idéia minha, entretanto, jamais consegui sobrepor; achar que eu conseguia decifrar as pessoas por inteiro, e de cara, como quem tem um faro para desvendar o outro. Pensava que nada me surpreenderia depois do primeiro impacto... que jamais poderiam, após já os ter conhecido, causar espanto.
Preciso ir mais longe para dizer que fui posto à prova?
Felizmente, de maneira boa.
É como descobrir uma gaveta perfumada em um móvel antigo. Conseguir abrir uma caixinha de música de cuja tranca não se tinha a chave. Algo inteiramente novo... que eu jamais esperaria... (continua... mas desde já: Reflita Também...)

Musicalis 4

Cecília - Chico Buarque

Quantos artistas
Entoam baladas
Para suas amadas
Com grandes orquestras
Como os invejo
Como os admiro
Eu, que te vejo
E nem quase respiro


Quantos poetas
Românticos, prosas
Exaltam suas musas
Com todas as letras
Eu te murmuro
Eu te suspiro
Eu, que soletro
Teu nome no escuro


Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas
Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti
Mas nem as sutis melodias
Merecem, Cecília, teu nome
Espalhar por aí
Como tantos poetas
Tantos cantores
Tantas Cecílias
Com mil refletores

Eu, que não digo
Mas ardo de desejo
Te olho
Te guardo
Te sigo
Te vejo dormir
----------------------------
Sem mais... Reflita Também...

02 maio 2008

Tabacaria - Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Há muito penso em postar esta obra-prima do admirável Fernando Pessoa. A extensão do poema foi, entretanto, uma barreira para tal... Isto porque sei bem que o tamanho de uma postagem pode atrair ou afastar os leitores.

Digo apenas que a leitura é totalmente válida. Por 2 motivos principais: 1- este poema foi eleito o melhor poema de língua portuguesa de todos os tempos por uma comissão dos mais entendidos literados de todos os países lusófonos (o que para muitos, com razão, não diz nada); e 2- porque EU concordo com eles... rs na minha pequena experiência literária... mas é isso. Minha indicação de hoje. O link segue abaixo.
http://www.insite.com.br/art/pessoa/ficcoes/acampos/456.html


Aproveitem meus caros: é algo inesquecível, eu garanto.
Beijos, abraços e apertos de mão. Não se esqueçam, reflitam também.

01 maio 2008

Sobre a sinceridade

Característica humana que eu mais admiro. Simples assim.
Difícil de se encontrar na forma mais pura atualmente, isto porque uma infinidade de, ditos, valores se põem a sua frente... entendam: hoje é mais aceito que se minta do que se faça mal a uma pessoa, tal que a sinceridade é posta em cheque para evitar um mal-estar (muitas vezes, este, imprescindível...).
Nem por isso culpo quem usa essa estratégia. Eu mesmo sou "usuário"; ela é essencial hoje. Boas relações humanas e blá blá blá. Enfim, o que digo é que, por vezes, isto demonstra, na verdade, que quem omite realmente se importa com quem recebe a mentira. Quem torna a sinceridade facultativa, em muito, não quer magoar o próximo. E isso me conforta.
Conforta e ensina. Aliás, passei por algo que me mostrou amadurecido... Cena incômoda, mas com qual lidei muitíssimo melhor do que já presumi que lidaria. Fora o baque do momento, meu coração se mostrou maduro... e assim segui. A maturidade e a pseudo-sinceridade andaram juntas, ainda que só por um momento.
Acham isso possível leitores? Reflitam também...

p.s.: por nada passamos incólunes... e mesmo sem me afetar muito, acho que somatizei mais uma vez... alguém salve meu estômago após uma pizza e um soco... rs

Somatização

s.f., [1] Manifestação um conflito psíquico numa afecção somática; [2] Transformação de um mal psicológico ou emocional em doença ou sintoma físico, [3] Mal composto por sintomas físicos sem motivo patológico aparente, expressão do mal-estar psíquico a que alguem é disposto ou a sucessivos estresses passados pelo indivíduo.

Inicio o post de hoje de maneira técnica, seja clínica ou lingüísticamente, para elucidar algo crescente na vida contemporânea. Os incômodos diários que passamos, nos geram uma carga de tensão inigualável. Até mesmo pequenas coisas se exponenciam sem que queiramos... uma fechada no trânsito, uma espera na fila do banco... Pequenos incidentes, que jamais mudariam nosso humor vêm alcançando proporções Titânicas. Esse é um dos maiores preços que se paga pela vida hoje. Nunca passou por isso? Está certo, leitor?

Febre sem gripe? Dor no corpo e nada de dengue? Muito sono e você nem virou as últimas noites? Uma azia terrível e você não sabe o porquê ?(ou o médico não encontra o motivo?)

Não quero ser intimista neste post... por isso evito abrir o peito e me faço até informal para tal...Só quero dizer que, frente a todos os estresses, uma azia persistente e uma imagem na cabeça é o que mais me fazem mal...

O que lhe faz mal hoje?? Reflita também leitor...

11 abril 2008

2 Frases para terminar o dia...

E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos.
Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu...


*Não pretendia escrever nada extra, mas deu vontade:
Viva a Hipermetropia que rege o Mundo!

Ditaduras e Dizeres

Hoje, 11 de abril de 2008, as ditaturas que ainda nos corrompem a cada segundo tomaram um baque. Usamos da arma mais simples para lhes impor um golpe: o senso crítico humano. Um ato pensado, estudado, centrado, concentrado...
Valendo-nos da curiosidade intrínseca aos universitários, fizemos dezenas de pessoas se questionarem quanto aos valores que lhes são impostos. Moda? Beleza? Notas? Celular? Consumismo? Artes? Música? Tempo?
Com uma simples frase, todo um centro de pesquisas se viu desafiado...
"Sob quais Ditaduras você vive hoje?"

É isso meus caros... A cada passo que damos, ajudamos a Terra a girar, pois é um passo que fica para trás. Jamais esquecido, entretanto, pois deixa o solo abaixo dele marcado.
Lembrem-se do que disse um astronauta conhecido, sem saber que proferia palavras eternas: "Um pequeno passo para um homem, mas um grande passo para a Humanidade".
Não se esqueçam que, por menor que uma ação pareça, grande ela pode se fazer, dado que tem sempre o poder de ultrapassar planos, extravazar alicerces e alcançar indivíduos que você sequer conhece...

Pense nisso... Reflita também...

21 março 2008

Primeira Lei

"Um homem é capaz de reconhecer que encontrou a mulher certa para estar a seu lado pelo resto dse sua vida quando tem plena certeza de que pode se re-apaixonar por ela todos os dias que virão."

Pense nisso... Reflita também...

Formato Mínimo

Resolvi não mais abandonar este blog às moscas virtuais. Firmo o compromisso de escrever pequenos posts ao menos semanalmente aqui... Posts como flashes, flashes como aos que somos dispostos todos os dias. Nas ruas. Nos ônibus. Na vida. Compostos por versos, frases ou mesmo uma só palavra, que quando expressiva, vale por si só.

Hoje lanço um mote de discussão. Caros leitores, nas suas opiniões, qual é o limite que se deve aceitar como plausível de preocupação em relação a certo tópico. Trocando em miúdos: o que vocês crêem ser a mínima coisa com que se deve preocupar. Explico. É viável se deixar atormentar por coisas (aparentemente) pequenas? Algo pífio para uns pode (mesmo) ser um martírio para outros?

Diga. Expresse seus sentimentos e opiniões. Reflita também...

17 março 2008

Poesia da Anti-Lira

Cansei!
Não quero mais o visual bonzinho,
Confundido com tapado.
Não quero mais os risos fáceis,
De consolo amparado.
Basta de fechar os olhos pro mundo
E a dados médicos estar fadado.
Parar ponteiros com os dedos,
Impor querer de um relógio parado.
Quero uma mulher que eu ame,
Que me faça sentir amado.
Aprender novas línguas,
Sem achar meu qi desperdiçado.
Nada de intelectuais,
Quero um ignorante ignorado.
Me sentir em paz com a Religião,
Não um pecador amedrontado.
Dinheiro que tire do sufoco,
Acabe com esse momento enjaulado.
Dirigir com o vento no rosto,
Esquecer do momento fracassado.
Voltar a ler...
Voar alado...
E me desligar da preocupação com a lira,
Sem me importar com a pobreza da Rima de fin' ado.


Beijos mil meus caros leitores, que acredito se resumirem a 5 ou 6... mas que por isso mesmo lhes tenho um apreço extremo. Deixo claro que este não é o post que eu pretendia fazer semana passada, e que a vários de vocês prometi, mas coisas mudam, cabeças rodam, mentes se perdem... É o mundo; dá voltas, não é assim que dizem?
Aproveitem, pensem e que cada um não se esqueça: Reflita também!

01 março 2008

Musicalis Fracionatum

Hoje trago a vós uma edição especial do já conhecido post temático de músicas por aqui.
Darei espaço à atipia; numa época em que é regra retirar um trecho de certo discurso para colocá-lo fora de um contexto, faço o contrário: escolherei trechos musicais que, visivelmente, falam mais que a música de que foram extraídos, por inteira. Seja por excessos, extremismos ou mesmo algo tido como gosto duvidoso, cá estão os trechos que se destacam do todo e mostram sua verdadeira força aos ouvidos, neste momento:

"Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido"

"...
Não dá pra ficar cara a cara
Eu quero esquecer,mas se vejo você
Coração dispara
Por isso não quero te ouvir nem te olhar
Melhor continuar como estamos
..."

"Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal, tout ça m'est égal"

"Viva forever,
I'll be waiting,
Everlasting like the sun,
Live forever, for the moment,
Ever searching for the one."

"A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor"

Agradeço pela contribuição respectiva de grandes artistas: Leãozinho, Carlinhos, Miss Eller, as meninas-mulheres e o Viola de ouro... Taí. A diversidade é o que rege o mundo...
beijos e abraços
não se esqueça: Reflita também!