30 dezembro 2009

A falta que a Flor me faz...

Sinto falta da tua presença
E dos detalhes que só meus olhos
Encontravam nos contornos teus...

Se o ar me pesava, se meus dedos falhavam,
Deitado à relva,
O simples observar de teus tons
Confortava-me com o estímulo de prosseguir...

Sinto falta do teu frescor
E de sentar-me junto a ti,
Sentindo a brisa que me alcançava
Depois de roubar-te parte do perfume...

Se teu límpido orvalho era pouco pra matar-me a sede,
A liberação sôfrega de teu oxigênio salvou-me, por vezes,
Da asfixia que nos toma, dia a dia, na selva de pedra...

Sinto falta do que me tornavas...
Absorto, entregue, fascinado...
Novamente criança que descobre o mundo
............................[e de explorador, vira explorado

Provaste a mim o que eu negava...
É em cores tímidas que se esconde a beleza,
Em cheiros vastos que se amplia a destreza,
Em gostos doces que se encara a dureza
E em toques ternos que se desfaz a frieza...
............................[frieza que havia, espantaste e hoje retorna

Sinto falta de sentir-te faltosa,
De contar minutos que não passavam,
De olhar ponteiros que não andavam,
Ao lado do vaso, esperando que ela voltasse,
Semanalmente, a seu ninho de terra...

Na terra branca, cheirando a éter,
Meu sangue corria, como que quisera ceder minhas forças,
Assegurando que ela ali nascesse novamente...
Desabrochasse, e me olhasse
Um segundo que fosse...
Da mesma maneira que eu a olhava...

Sinto falta.
Sinto...
E se em quadros a vejo retratada,
Em meio a outras flores, cenários mil,
A sinto...
Aparentemente perto, mas longe, sei...
E percebo.
Já não perfuma. Não colore.
Não goteja ou aquece...
...
Mas a sinto...

Um comentário:

Unknown disse...

" A falta que a flor me faz"... Dá onde vem tanta inspiração?! Mesmo se considerado em bloqueio, como no anterior, você escreve! Talvez seja esse o segredo dos grandes autores! =P