01 julho 2011

Entreouvido por aí... 2

Adoro esses momentos que beiram a Epifania...
A fascinação me bate como a uma criança dentro de uma loja de brinquedos. Êxtase, puro e complexo, ao desmembrar a profundidade de uma frase bem formada, bem dita e bem colocada, quando pessoas, conhecidas ou não, conseguem alcançar tal realização...
Pois assistia ao Saia Justa durante a semana, que tratava na ocasião da saudade de idos tempos e situações, quando o jornalista Xico Sá, de maneira despropositada e, justamente por isso, fantástica, simplifica de maneira perfeita:

"Nossa Belle Époque foi ontem."

Não me contive! Aquele palavrão péssimo, mas que se faz presente nesses momentos de admiração foi articulado alto e com separação de sí-la-bas! Recordei-me instantaneamente de todas as vezes que chorei vendo alguns dos centenas de videos no youtube sobre "Desenhos das Nossas Infâncias" ou "Coisas que Não Existem Mais" e que têm alcance de no máximo 25anos. Reconheço uma fraqueza no momento, caro leitor. A Nostalgia desmedida...
Não a simples saudade; esta é justa, válida. Me refiro à vontade de revivescência, de voltar atrás, de ser o que outrora fui, ou provar novamente o que outrora senti...
A cada música, a cada gosto, a cada sinal ou embalagem perdida no tempo, um aperto precordial e uma pressão sobre os olhos... aquele engasgo ao lembrar de um parente perdido...
Pablo Picasso condenou isto fortemente, a ponto de expor tal preocupação em sua "Receta de Jovialidad" (ainda que, não tenha certeza da autoria, indico aos leitores...).

Sentimos falta de um passado-presente como História Antiga e muitas vezes a dor é insuportável... Muito disso, acredito, se deve à velocidade absurda de informação da contemporaneidade, fato indiscutível e irreparável...
Pense nisso leitor... Reflita Também...