16 julho 2008

O certo e o errado

Contam que numa antiga vila cravada no meio de uma cadeia de montanhas, um jovem artesão vivia cheio de trabalho e pouco parava para pensar em si mesmo. Estava sempre a servir os outros, e parar de trabalhar lhe parecia um desrespeito com o grande número de apreciadores de sua arte, que adornava desde casas simples na vila quanto palácios fora dos limites dos olhos locais. Um dia, entretanto, procurando novos materiais com que pudesse trabalhar, o artesão, passeando por uma feira numa outra cidade, descobriu um tipo de cristal que nunca havia visto... Já muito haviam lhe falado sobre a matéria-prima, mas só vendo por si mesmo o artesão pôde perceber seu valor. Estava deslumbrado, ansioso por ter pra si aquela maravilha e poder não só moldá-la mas também admirar mesmo a beleza bruta do translúcido cristal.
O dono do vítreo material, um mercador viajante, porém, recusou-se a vender o material. Ao perceber o interesse do artesão, cujos olhos brilhavam frente ao cristal, percebeu o valor deste e disse que nunca fora de seu interesse vender, que desejava apenas fazer uma exposição. E chamando a atenção do artesão, ofereceu-lhe um outro cristal. Não pensem que este era de menor qualidade! Era tão fino e tão belo quanto o primeiro, de cor ligeiramente diferente, e também seria um primor em ser trabalhado, mas deste o artesão nada sabia, e tivera pouco tempo de avaliar, pois de pronto, o mercador escondeu ambos os cristais. O jovem artesão pensou por um momento, e por mais um, e outro... e assim perdeu dias tentando resolver o problema. Aceitaria o segundo cristal, belo como o primeiro, de negociação mais fácil mas sem conhecimento prévio, passando por cima de seu primeiro ímpeto, ou esperaria o invejoso mercador cansar-se do primeiro cristal, liberando-o para a venda, quem sabe depois de demasiado e desgastante tempo, o qual poderia ter trabalhado perfeitamente com o segundo?

Adianto, caro leitor, que não há resposta para tal questão. Um dado importante e, diria eu, até intrigante na vivência humana é que não é tudo que se resume à máxima do certo e do errado.
Como fazer a melhor das escolhas? Não se sabe... ainda mais quando o padrão de correto e incorreto não se aplica... E acredite, esta situação é muito mais freqüente do que imaginamos.
Pense nisso... Reflita também...

Um comentário:

Anônimo disse...

O certo é o jovem artesão diminuir um pouco o trabalho e parar para pensar em si mesmo.

Por que ficar pensando dias a fio sobre os cristais?
Não é perder tempo em vão?

Por que tinha que ser cristal? E não outro material?



(....:)....)