27 novembro 2019

Dueto de Cordas

Tempo e distância. Ao reencontro. Despropositado...? Talvez. Não. Consciente. Oi’s e falas supérfluas. O mesmo sorriso de antes. O mesmo encanto. Redescobertas? Não, novas descobertas. Brinca, fala, e o tempo passa. Passa bem, passa bom... Passal algo bom. Se estende. Lança o número, dá o sinal. Sem retorno, a oportunidade se foi? Não. De novo. Chama e traz esperança. Papo. Mais a fundo. Sem os pontos etéreos. A fundo. Mais fundo. Frases que se enlaçam, se tocam, se sentem. Que fazem sentir. Entrelinhas. Falas se completam, sensações se transformam. Entre as linhas. Mais entre elas. “Nada é por acaso”. “Tudo acontece no tempo certo”. Um xadrez de adultos. Delicioso em cada mexida de peça. Ela sabe jogar. Joga bem e instiga. Responde à distância meus movimentos. E se move. Delicada, com graça. Sensualidade ímpar. Transmite mensagens que emitem imagens. Imagina-se sem se ver. Lábios entreabertos. Sorrindo com vontade. Rindo de seu efeito. Brincando com o desejo. Mal sabe que a arte é isso, instigar. Incurtir no outro a sua vontade. Seus desejos. Seu desejo. Analisa. Indo longe? Não. Qual o limite do que é bom? Pondera. Sente a dança das peças. O movimento síncrone, pareado, simétrico; delicioso. As peças se aproximam. Se tocam. Trazem o deleite que só a curiosidade permite. A cada movimento, um novo pulsar. O tremor da descoberta... O toque. O calor. A respiração que antecede cada passo. O olhar de desafio... A mordida nos lábios antecedendo o movimento e a surpresa do outro. Ah, a surpresa do outro... Uma fala, uma cartada... hmmm. Surpreendente. Um novo mundo. Um universo particular no outro. A ser desbravado... explorado. Descobrir os limites. Não, sem limites. As peças dançam. Giram com o contato dos corpos. Olho no olho. Sorriso com sorriso. Corpos dispostos e em contato. Um jogo passo a passo. Ninguém perde... A respiração quente. Uma chama que transforma a disputa. Reações dos dois lados. Sem perdedores. Ambos. A pulsar, calor, suor. A excitação mútua. Ambos sinalizam, cada um em seu lugar. Forças, mudanças... Estados e volumes se fundem... sólidos, líquidos... físicos. Jovens, lembram-se do tempo. Tempo curto, antigo e retrógrado. A ser ultrapassado pelos 2 nesse jogo da existência. Se misturam, formando um, para o qual já não há tempo, outros ou limites. 
Arfam juntos, contraem-se, em clímax. 
Rendem-se ao novo. A essa verdade e a esse instante. 
Há, agora, apenas a vivência, o dueto e a vontade. Um ode às descobertas.

10 maio 2013

Sensação do Dia

"Todos estes que aí estão 
Atravancando o meu caminho, 
Eles passarão. 
Eu passarinho!" 

 --- É, caríssimo Quintana, ninguém expressaria tão bem essa sensação quanto você... 

........... Meu mais sincero Obrigado

01 julho 2011

Entreouvido por aí... 2

Adoro esses momentos que beiram a Epifania...
A fascinação me bate como a uma criança dentro de uma loja de brinquedos. Êxtase, puro e complexo, ao desmembrar a profundidade de uma frase bem formada, bem dita e bem colocada, quando pessoas, conhecidas ou não, conseguem alcançar tal realização...
Pois assistia ao Saia Justa durante a semana, que tratava na ocasião da saudade de idos tempos e situações, quando o jornalista Xico Sá, de maneira despropositada e, justamente por isso, fantástica, simplifica de maneira perfeita:

"Nossa Belle Époque foi ontem."

Não me contive! Aquele palavrão péssimo, mas que se faz presente nesses momentos de admiração foi articulado alto e com separação de sí-la-bas! Recordei-me instantaneamente de todas as vezes que chorei vendo alguns dos centenas de videos no youtube sobre "Desenhos das Nossas Infâncias" ou "Coisas que Não Existem Mais" e que têm alcance de no máximo 25anos. Reconheço uma fraqueza no momento, caro leitor. A Nostalgia desmedida...
Não a simples saudade; esta é justa, válida. Me refiro à vontade de revivescência, de voltar atrás, de ser o que outrora fui, ou provar novamente o que outrora senti...
A cada música, a cada gosto, a cada sinal ou embalagem perdida no tempo, um aperto precordial e uma pressão sobre os olhos... aquele engasgo ao lembrar de um parente perdido...
Pablo Picasso condenou isto fortemente, a ponto de expor tal preocupação em sua "Receta de Jovialidad" (ainda que, não tenha certeza da autoria, indico aos leitores...).

Sentimos falta de um passado-presente como História Antiga e muitas vezes a dor é insuportável... Muito disso, acredito, se deve à velocidade absurda de informação da contemporaneidade, fato indiscutível e irreparável...
Pense nisso leitor... Reflita Também...

28 junho 2011

Redenção

Foi súbito.
Era ela. À sua frente, como anos atrás...
Nos infindáveis e efêmeros segundos deste contato, Paulo nem sequer conseguiu planejar o que dizer... Por impulso, limitou-se ao impensável: "Oi..."
A incapacidade de proferir algo melhor foi decorrente da atipia do momento. Era a primeira vez em anos, após o término, que o encontro ocasional dos 2 não fora marcado por indiferença (da outra parte), mudanças propositais de olhares na iminência destes se encontrarem (por parte de ambos) e um arrepio estranho (por parte dele).
Cinco anos... Cinco longos anos... Pouco mais que isso... Dois mil dias sem os cachos claros, sem a risada despudorada nem a mente fluida de Marcella.
A simples "oi" de repente lhe pareceu tolo quando percebeu que a moça não vinha em sua direção, mas assumira um caminho que passaria por ele. A mesma saudação de tola passou a parecer indevida, quando fez com que a jovem parasse, com ar de certa admiração.
"Err.... Oi...?" - respondeu com um leve inclinar do rosto e frizar de sobrancelhas.
Se entreolharam por mais alguns segundos. Paulo inquieto, ela, parecendo confusa.
"Desculpa, mas já nos conhecemos?" foram as palavras que saíram dos lábios finos, bem desenhados.
Agora foi a vez de Paulo mexer as sobrancelhas, arqueando-as desacreditado. Sorriu de canto de boca... "Tá brincando né???"
A jovem pareceu ainda mais intrigada. Apertou os olhos como que forçando-se a lembrar da face jamais vista e, com certo pudor, respondeu... "Não..."
Paulo surtou.
Os mesmos olhos doces, os mesmos lábios finos, os mesmos olhos marcantes... E outra pessoa. A mesma "casca" em outra mente. Outras histórias, outros gostos, outros ditos, outros viveres. Posto dessa maneira pareceria apenas mais um dos tantos homens movidos pelo físico, pela atração visual, encarcerado em desejos primitivos, deixando o real ser intrínseco de lado... Mas não era isso...
Naquele momento o rapaz mergulhou num turbilhão de pensamentos.
Memórias não apenas, mas questionamentos. Tudo aquilo que os separara ficara para trás. A questão era justamente esta; Paulo fora apaixonado pelo que Marcella era no momento em que se conheceram, mas não podia suportar o que ela já havia sido. Deixara claro que viveria o presente, mas era lembrado a todo momento pela amada do que queria esquecer. O rapaz não conseguia conceber que a jovem era, assim como todos, fruto de suas experiências e vivências, jamais poderia deixar de sê-lo. Mas em seu âmago, desejoso de ter encontrado a mulher de sua vida, Paulo exigia, sem perceber, que Marcella fosse outra pessoa. E ali estava sua chance.
Nova chance... Chance de ter alguém que lembrasse a primeira, mas que não atentasse contra seus pudores, vergonhas, concepções e convicções de maneira tão incômoda.

A vida é uma ciranda de pedra, caro leitor. Querer moldar os outros a seus bel prazer é um erro fatal a qualquer humano, que, dotado da ânsia da perfeição, brinca de Deus em seu próprio espetáculo de pseudo-perfeições...
O que você faria se pudesse apagar imperfeições da história de alguém? Ousaria planejar a existisência de um outro Ser, do qual não é diferente? Pense nisso, Reflita Também...

23 maio 2011

Musicalis Fracionatum 2

É o meu lençol, é o cobertor,
É o que me aquece sem me dar calor...
Se eu não tenho o meu amor
Eu tenho a minha dor...


Leitor, se o calor já inexiste, o que mais nos resta?
De certo a injusta troca proposta nos últimos versos...
.
.
...Injusta, mas muito frequente...
Pense nisso, Reflita também...

Haikai em Notas

Penso no tom, e em som;
Penso em sís, em lás, e em sóis...
Em mim, aqui, a sós...



...........Simples, mas com vontade meus caros...

04 dezembro 2010

Momentos...

Reconheço.
.
.
.
Pela primeira vez desde que iniciei as postagens aqui, passo mais de 4 meses sem postar , aparentemente sem motivos. Se antes eu podia culpar a tristeza, uma série de desilusões, o tempo, agora o que me manteve afastado foi o ócio. Pela primeira vez não-produtivo...
Já há algumas semanas, mediante questionamento de amigos, também eu me perguntava o porquê da ausência... Ponderei. E concluí: falta de Lirismo.

A vida nos faz céticos. Nos tira idealizações, nos impõe uma maneira chata de encarar as coisas.
Mesmo resistindo, isto se enraiza sutilmente, preenchendo poros como que sopra uma bruma branca e toma os espaços entre árvores de um bosque.

Hoje, entretanto, vejo um video cedinho, pleno de lirismo. Uma carregada no meu tanque, poderia dizer... pude perceber logo nos primeiros segundos. Obra de arte indicada pelo caríssimo José Serra, pelo Twitter.
(sim, oficialmente agora devo muito ao Serra!)

Sem mais, para você meu caro leitor:



Porque é de Momentos que é feita a vida...
Pense, analise, Reflita Também...

19 julho 2010

Sobriedade da Madrugada

Uma hora e seis minutos da madrugada de uma segunda-feira qualquer...
A inquietude de horas atrás cede lugar a uma plenitude estranha. Sinto como se tudo faltasse e ao mesmo tempo nada importasse. Não me sinto mal... indiferença é a palavra que me ocorre quando o sono não chega, eu desenho olhares desconexos numa pequena folha rasgada e ouço a rádio pelo computador, tocando uma seleção impecável da década de 80.
Preciso escrever... venho, e quase desisto por ver que o post não vale a pena.
Longe de fazer daqui um diário... nem desejo que se torne um twitter pra quem tem mais a dizer...

Caríssimos, o desejo pela produtividade é uma constante... Construir é uma sina do ser humano. Uma vida sem realizações é um fardo, não uma dádiva...
Sente, projete, realize.
Mesmo que seja (decorrido o devido tempo) a 1h12 de uma simples segunda-feira...

05 julho 2010

Notícias lidas por aí...

"RIO - 'A paixão, como descrita pela ciência, é um estado fisiológico, com sintomas psíquicos e físicos, em que há uma intensa atividade cerebral e hormonal muito semelhante à do vício por uma droga, como a cocaína. O julgamento crítico, o discernimento, e a racionalidade em relação ao parceiro estão muito reduzidos, especialmente nos primeiros meses.' É assim que a médica Cibele Fabichak, autora de "Sexo, amor, endorfinas e bobagens" (Ed. Novo Século), define o estado de enlevo que se apossa dos amantes de forma avassaladora, mas tem prazo para acabar: no máximo quatro anos."

A ciência, dona de certezas ambíguas e baseada em evidências incertas, quem diria, também pode ser provida de lirismo. Na tentativa de explicar a paixão faz a comparação mais perfeita e precisa do que se sente ao experimentá-la. Não o caráter da droga, dada a falta de conhecimento de causa que tenho, mas no que tange ao vício.
Há uma compulsão, uma necessidade iminente, um clamor pela vivência em imediato... Falta-lhe algo, e isso traz uma angústia inenarrável. O vazio que lhe toma é como o de um buraco negro, que suga tudo para dentro de si, consumindo todo e qualquer material que o rodeie, na tentativa de se sentir repleto novamente...
Racionalidade passa longe: é possível sentir-se assim mesmo por pessoas recém-conhecidas; o discernimento é mantido alheio dado que, mesmo que o julgamento crítico não falhe, e o indivíduo consiga perceber que algo "errado" acontece, a consequências em questão são totalmente exclusas a vontades ou desejos de mudança. O que digo é que, conscientemente, não se pode fazer nada para mudar, pois o corpo funciona por si só e indiferente ao que pensa seu dono.
Algo, entretanto, se mostra esperançoso (ainda que devesse ser alarmante): há tempo pra acabar...
Então, caríssimo leitor, não se alarme... Uma hora passa...

(e se a previsão é de meses, lhe asseguro: pode acontecer em horas ou dias...)
Pense nisso, reflita também...

23 junho 2010

Cartas de Próprio Punho

....Caríssimos, alvíssaras!

....A boa nova se anuncia! Tomem para si a verdade, pois só dela vêm as coisas, e só para ela irão igualmente... Encham o peito do puro ar da manhã, em meio à neblina da cidade praiana, que se reveste de Serra nos brindar o novo dia.
Se dantes se viam por entre prédios, hoje as nuvens baixas emolduram as telas matutinas. ....Donde se avistavam pétreos blocos de concreto, na magnífica intenção de conferir o adequado peso à metrópole, nada mais se avista se não o fosco verde das esparsas mas significativas árvores próximas.
....O ar frio surpreende os primeiros raios desavisados de sol. Em meio à névoa, poucos são os que se aventuram, ou deixam seus leitos no 7º dia da semana. A claridade que se expande aos poucos precisa vencer a sublime, literal, barreira etérea que se põe sobre a cidade.
....Sinto o vazio em mim também ser tomado pelo denso ar que se embrenha pelas frestas da janela. Como quem deixa um rastro, vejo o caminho tomado pelo alvo filete sem peso, alcançando minhas narinas, se insinuando mais e mais, até que eu sinta seu frescor a tocar-me os pulmões ainda pesados do sono.
....Tremo ao recarregar a pena com a tinta escarlate. Pela primeira vez consigo evitar que uma gota maior me escape e manche como de costume o papel. Talvez a névoa seja a razão da segurança, que impediu, até o momento, um erro maior, seja da escrita, seja acidental, mas que ocorrem de praxe e, feitos em magenta, escapam por pouco tom de se mostrarem como pequenas gotas de sangue contra a clareza da folha.
.... Meu desejo é que o ar pulsasse... queria sentir no peito novamente uma batida junto ao frescor que experimento... só a leveza e a temperatura me sobram, entretanto, pois asseguro: ainda sinto cá o vazio.
....Comprovo, assim, a boa nova relativa. Não há peito que se mantenha oco e de proteção completa para sempre: há eternamente a chance da guarda ser abaixada e, deste modo, o ser dar-se ao luxo de se machucar novamente.

............................................Vinícius Ladeira Fonseca




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Carta escrita em 19/06/2010
O título é sério e se tornará uma série aqui também, caro leitor. Volto a escrever à mão quando possível, uma vez que o ato ritualístico de carregar a pena com tinta e derramá-la pouco a pouco sobre o papel tem um simbolismo absolutamente perdido ao dedilhar um teclado.

28 março 2010

Ironias da Vida

Anos após certa desavença e já a tendo superado, os dois envolvidos no caso conversam em certa celebração numa roda de amigos, No que um deles lança:
-Eu sou muito grato a esse cara! Sem saber, certa vez, ele me salvou... Eu me afogava em problemas e ele me jogou uma boia...

O outro, rápido de pensamento, concebe as palavras mas não as profere, em respeito à paz do momento:
-Pois é, olha como são as coisas... Quem diria que eu jogaria a boia de salvamento pra alguém que, 4 anos antes, fez questão de pisar a minha cabeça enquanto eu afundava em areia movediça...?

Pense nisso leitor... Reflita também...

Musicalis 9

Viva la Vida - Coldplay

I used to rule the world
Seas would rise when I gave the word
Now in the morning I sleep alone
Sweep the streets I used to own

I used to roll the dice
Feel the fear in my enemy's eyes
Listened as the crowd would sing
Now the old king is dead long live the king
One minute I held the key
Next the walls were closed on me
And I discovered that my castles stand
Upon pillars of salt and pillars of sand

I hear Jerusalem bells are ringing
Roman cavalry choirs are singing
Be my mirror, my sword and shield
Missionaries in a foreign field
For some reason I can't explain
Once you'd gone there was never
Never an honest word
And that was when I ruled the world

It was a wicked and wild wind
Blew down the doors to let me in
Shattered windows and the sound of drums
People couldn't believe what I'd become
Revolutionaries wait
For my head on a silver plate
Just a puppet on a lonely string
Oh who would ever want to be king?

I hear Jerusalem bells are ringing
Roman cavalry choirs are singing
Be my mirror, my sword and shield
My missionaries in a foreign field
For some reason I can't explain
I know St Peter won't call my name
Never an honest word
But that was when I ruled the world


---- É incrível o sentimento que se abate sobre um humano com o orgulho ferido.
Digo isso com conhecimento de causa e a letra em questão do post fala muito em favor disso. Desfrutar de uma posição cômoda, gratificante e de destaque é, em geral, o auge para um Homem. Não me refiro, entretanto, a poder econômico ou militar. Um Homem pode se dizer realizado quando sabe que o invejam.

Acalmem-se leitores, chegarei onde quero e provarei que não se trata de soberba (tema de um dos próximos posts) minha ou superioridade barata.

Indo de encontro ao antigo ditado "Quem é Rei, nunca perde a Magestade", pode-se observar que a perda de um status alcançado previamente pode ser fatal para muitos. Mexe com o primitivo, o basal de cada um. Explico: o ego é nutrido pelo sentimento de que se é importante, destacável, singular. Nesta posição, independente do seu poder real, a auto-estima lhe confere um prazer inenarrável...
Os mares se abrem frente uma palavra sua... Exércitos marcham em sua honra... Você enxerga o medo nos olhos de seus inimigos... Mas isso era quando você dominava o mundo...
É aí que a mesa vira. A influência é perdida, e com ela muitos dos ditos amigos, conselheiros e pares. Seus inimigos não mais o olham, e caso o fizessem, em seus olhares, o medo teria dado lugar à pena ou à indiferença. Seus exércitos empunham nova bandeira, seu castelo se desfaz, ancorado em pilares de sal e areia...
Caríssimo leitor, atentem para o fato de que não retrato aqui o Poder, mas a chama que nos leva afrente... sem auto-estima, varremos as ruas de um mundo que já nos pertenceu...
Pense nisso, reflita também...

05 março 2010

Entreouvido por aí...

Fila de uma loja de departamentos.
Filho de no máximo 12 anos chega com um pacote colorido nas mãos:
-Pai, aqui, as bolinhas de tinta que faltavam pra minha arma!
No que o pai retruca instantaneamente:
-Qual das suas armas???
Em volta, sobrancelhas se levantam em surpresa e descrença.
Cortinas! Pano rápido!

No mínimo triste um mundo em que crianças se divertem com uma réplica de arma de fogo... E ainda pior um em que a brincadeira não envolve apenas uma, mas várias...

Pense nisso, reflita também...

Cinématographe 3

Há anos o cinema busca se reinventar, e parte importante deste processo é deixar os clichês de lado. Assim é 500 Dias com Ela (no original: 500 days of Summer) e seu bom trocadilho que a tradução não pôde manter. Logo no início o espectador é avisado:
"Esta não é uma história de amor" e realmente não é. O que vemos é uma desconstrução das ditas comédias românticas. Cenas altamente poéticas e uma trilha sonora perfeita dão conta de criar um sentimento de catarse poucas vezes antes experimentados por quem tem o hábito de ir ao cinema...




A inversão base da trama mostra-se bem atual: em uma época em que os homens se permitem os males do amor, as mulheres encarnam a independência e endurecem seus corações. Talvez por isso o jovem Tom se encante pela bela Summer, que não quer um relacionamento formal.
Caro leitor, é mesmo possível conviver com a dor de saber que se ama mais do q se é amado? Pense nisso...

Assista... e reflita também...


p.s.: também esse assunto será mais abordado a seguir... aguarde...

03 março 2010

Despertar da Primavera

Faltando 18 dias para o início do Outono, a trégua na chuva hoje pela manhã, embebida em tímidos porém quentes raios de sol, me trouxe, na verdade, uma visão da Primavera. Não por palmeiras que florecem no Aterro, nem pelas cores que surgem em pétalas na Praia Vermelha.
A Primavera se faz presente hoje por novas bodas; uma flor no cabelo nos faz sorrir, sorri também, e traz motivos para celebrar. As flores surgem, se dispondo a serem colhidas e repostas sobre os castanhos fios e, junto ao sol que torna vistosa toda e qualquer simples poça na rua, completam a cena de uma manhã marcante, diferente das demais...
Ao fundo, ouve-se baixinho... "let the sun shine, let the sunshine in... the sunshine in..."

29 janeiro 2010

Fora do senso comum...

Ao contrário do que muitos pensam, escrever não é um dom. Tampouco um exercício fácil.
Sinto tornar-se cada vez mais frenquente a vontade de debruçar sobre o papel e despejar meu interior nesse (metaforicamente, tanto no que tange monitores e teclados, quanto às vísceras humanas).
É parte de mim. Uma necessidade. Um ímpeto. Quase uma obsessão...

Escrever é, antes de tudo, um ato de determinação.
Prosseguir, persistir. Saber que a mente é infinita(mente) mais rápida que os dedos. Não se dar por vencido quando as palavras escapam e o deixam como tolo encarando meia-dúzia de verbetes recém-escritos e que aguardam avidamente por companhia. Não largar a pena quando o peito lhe aperta, pulsando ânsias, bombeando forças, disseminando ânimo.
O trabalho compensa e, por compensar, é aceito de bom grado por quem escreve. O escritor é antes de tudo forte. Escreve... descreve... apaga... reescreve... Se hoje já não chega a isso, outrora fazia parnasianos suarem...
Ainda assim, é árduo. Árduo e áspero, pois ao arranhar a quietude do autor, só é aceito por quem não teme sofrer essas pequenas e pontuais injúrias.

Hoje sei e digo: se a escrita é fruto de um abençoar divino, escrever é o lapidar dos homens.
Pense nisso leitor... Reflita também...

05 janeiro 2010

Pequeno Dicionário Contemporâneo

Estréio hoje mais uma série fixa no blog. Depois de Musicalis e Cinématographe, introduzo agora novas designações para antigos termos, nos posts que chamarei Pequeno Dicionário Contemporâneo.
A idéia é demonstrar, com a costumeira lira, os novos significados de palavras há muito usadas.
E a primeira escolhida é:

Efemeridade (s.f. sing.):
1- Fonte do desânimo que nos toca quando algo que esperamos muito nos surpreende negativamente;
ex.: A esperada felicidade se viu impedida pela efemeridade de nossos sentimentos.

2- Forma de velocidade com que TUDO ocorre no século XXI;
ex.: Não houve tempo para digerir o feito, dada a efemeridade dos acontecimentos noticiados.

3- Modalidade mental superior de quem ignora a real capacidade da consciência;
ex.: A efemeridade de seus pensamentos demonstrava o quanto era capaz de se fixar em um mesmo tópico, e de analisar por longos milésimos de segundo assuntos de verdadeira importância.

Pense, repense... Analise leitor! Reflita também...

Remédio contra o Bloqueio

Muitas vezes me peguei com um questionamento incessante.
Pra onde teria ido a solidariedade nos dias de hoje?
Se somos capazes de não ver pessoas ao nosso lado, que o diga do outro lado do mundo... e é isso que sempre me incomodou...
E foi também por isso que o vídeo que os trago hoje me motivou. Reconheço que cheguei a derramar limpas, emocionadas e esperançosas lágrimas na manhã seguinte ao bloqueio relatado no post anterior. Não é a primeira nem, de certo, a última mobilização a favor dessa causa, mas foi uma das mais bem boladas, e por isso a trago a vocês, caros leitores.



Afinal, sem soar clichê, o que pode ser mais efetivo contra um bloqueio de escrita do que renovar esperanças e ver que você não está só ao pensar que apenas o Amor pode salvar-nos de um destino quase inevitável.

"Há que se ter Esperança, e tudo do que precisamos é Amor"
Vocês concordam? Comentem... se não concordarem, comentem também! Não trago verdades, apenas mais questionamentos e constatações... Pense nisso leitor! Reflita também...

31 dezembro 2009

Bloqueio de Escrita

Na ânsia por escrever, atualizar o blog, brindar meus caríssimos amigos e/ou leitores com novos textos, experimentei ontem uma amostra da angústia pela qual passa um escritor profissional. Se eu, um pseudo-autor sem grandes aspirações, cheguei a sentir-me mal por não ter idéias, não conseguir colocar nada no "papel", gritando dentro de mim por um Insight que me trouxesse um pouquinho, que fosse, de criatividade... como deve ser pra um escritor de verdade ter um daqueles famosos bloqueios autorais?
Horas a fio na frente do pc... peguei livros, vi sites, recordei memórias, inventei fatos... tudo com o intuito sem sucesso de me dar um bom assunto a tratar. Casamento? Natal? Relações familiares? Tecnologia? Mais do mesmo... Cinema ou Música? Não... quero inovar...A dor de cabeça começava a surgir.
Imaginei a cobrança sobre os profissionais, seja por prazos (pros que escrevem em jornais) ou por novidades (pros que vivem de bestsellers). E percebi que, desorganizado e alheio a prazos que sou, fiz bem em escolher a medicina em detrimento à literatura...

Deixei de lado o anseio e fui dormir... grata surpresa a confirmação da dica de um grande cronista, que dizia: se a inspiração não vem, faça coisas diferentes... ela sempre aparece!
Provarei no próximo post...
Pense nisso, reflita também!

p.s.: Aproveito para dar boas vindas à nova leitora "Ana" que descobriu o blog e me deixou ótimos comentários. Desde já obrigado, e saiba que se juntando a meus outros 4 leitores, vc me ajuda a chegar a quase meia dúzia! hahahah Sinta-se a vontade de comentar sempre viu? Ah, e querendo entrar em contato, deixe e-mail ou msn em algum comentário. Bjos a todos

30 dezembro 2009

A falta que a Flor me faz...

Sinto falta da tua presença
E dos detalhes que só meus olhos
Encontravam nos contornos teus...

Se o ar me pesava, se meus dedos falhavam,
Deitado à relva,
O simples observar de teus tons
Confortava-me com o estímulo de prosseguir...

Sinto falta do teu frescor
E de sentar-me junto a ti,
Sentindo a brisa que me alcançava
Depois de roubar-te parte do perfume...

Se teu límpido orvalho era pouco pra matar-me a sede,
A liberação sôfrega de teu oxigênio salvou-me, por vezes,
Da asfixia que nos toma, dia a dia, na selva de pedra...

Sinto falta do que me tornavas...
Absorto, entregue, fascinado...
Novamente criança que descobre o mundo
............................[e de explorador, vira explorado

Provaste a mim o que eu negava...
É em cores tímidas que se esconde a beleza,
Em cheiros vastos que se amplia a destreza,
Em gostos doces que se encara a dureza
E em toques ternos que se desfaz a frieza...
............................[frieza que havia, espantaste e hoje retorna

Sinto falta de sentir-te faltosa,
De contar minutos que não passavam,
De olhar ponteiros que não andavam,
Ao lado do vaso, esperando que ela voltasse,
Semanalmente, a seu ninho de terra...

Na terra branca, cheirando a éter,
Meu sangue corria, como que quisera ceder minhas forças,
Assegurando que ela ali nascesse novamente...
Desabrochasse, e me olhasse
Um segundo que fosse...
Da mesma maneira que eu a olhava...

Sinto falta.
Sinto...
E se em quadros a vejo retratada,
Em meio a outras flores, cenários mil,
A sinto...
Aparentemente perto, mas longe, sei...
E percebo.
Já não perfuma. Não colore.
Não goteja ou aquece...
...
Mas a sinto...

08 novembro 2009

Frase do Dia:

"Se eu pudesse mensurar o tempo perdido na busca pela felicidade, eliminaria várias vidas de tristeza..."

Leitor, quanto tempo perdemos em lástima sem saber usar o mesmo para criar alegrias?
O tempo é curto, a vida não é longa e a estrada é finita... pense nisso... reflita também...

Cinématographe 2

Orson Welles foi, indubitavelmente, um gênio na direção... Isso não é novidade pra ninguém. Entretanto, não bastaria só isso para que Cidadão Kane (no original: Citizen Kane) fosse escolhido como o melhor filme já realizado em todos os tempos, não por uma, mas inúmeras listas que tentam formar essa classificação dificílima ou, ousaria mesmo dizer, impossível.
Lançado em 1941, foi premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Original e trouxe uma série de inovações técnicas que ainda hoje são discutidas em como foram produzidas na época.



O filme mostra a vida do milionário Charles Foster Kane, dono de uma rede de jornais, que em seu leito de morte profere 1 só palavra... "Rosebud". A busca por seu significado permeia a película, que mostra magistralmente a angústia e o abandono dos mais ricos. Poderia um homem bem sucedido, querido por todos e determinado ser esquecido pelo tempo?
Demonstração perfeita de que nem sempre o ideal é o certo, e de que o orgulho é o pai de todos os erros...

Caro leitor... Assista! e reflita também...

16 outubro 2009

Saborosos Sonhos da Padaria

Os roncos dos motores ecoavam forte na minha cabeça. Durante a corrida, visitando o box de um velho amigo que acompanhava apaixonadamente a disputa do filho, eu assistia ao desempenho dos pilotos e suas máquinas, uma relação quase simbiótica para a vitória. Minha irmã ao meu lado tapava os ouvidos a cada passada dos autos. Duas moças da minha idade entraram sorrindo e de óculos escuros, bem vestidas, com o frescor que apenas aqueles vinte e poucos anos traziam. Ambas traziam um brilho loiro nos cabelos, que refletiam o sol daquele dia no autódromo. Minha irmã conhecia uma delas, se abraçaram, riram e foram colocar os assuntos em dia; a outra se manteve ali, sozinha, com um misto de costume e estranheza. Cheguei perto e disse: "Ainda não sei seu nome" e ela: "Natalia". Sorri, e comentei que não iria esquecer, minha irmã que acabara de sair também assim se chamava. Perguntei: "E você? Espera por alguém?". Ela sorriu e respondeu de maneira simples: "Sim, meu marido". Surpresa! Ele já voltara, e da pista! O filho do meu amigo a abraçou ternamente e a beijou. Após algum tempo minha irmã retorna com a amiga; ficamos os 4 conversando... O tempo passa, e nós esperando o fim da arrumação dos boxes até que nos cansamos e sugiro sairmos dali. O imponente piloto ficaria para últimos acertos. Pegamos o carro, andamos um tanto, estacionamos e passamos a seguir pelas calçadas do entardecer, já frias com a mudança do tempo. Papos sem propósito nos envolvem, até que sinto o cheiro quente de pão novo e alcanço com os olhos uma padaria clássica, aos moldes das grandes confeitarias de outrora. O vapor emanado pela pequena loja de balcão alto, repleta de pessoas buscando um pouco de calor recém-tirado do forno e as luzes amarelas faziam uma cena de filme; quase um retrato da felicidade presente nas pequenas, antigas e belas coisas da vida. Aquele cheiro na rua... pão quente! E mais: açucarado... Pelo jeito acabou de sair o pão-doce! Segurei a nova Natália por uma das mãos e falei "Vem comigo!". Minha irmã e a amiga também vieram e se encantaram com a cena vista por dentro. Pessoas com grandes casacos tomavam chocolate quente sorrindo como crianças. Os pães rodavam o salão com seus odores ternos de inverno. Padeiros e boleiras sorridentes atendiam no balcão como quem quisesse trazer felicidade às pessoas que buscavam um calor para suas almas naquele frio fim de tarde. Alcancei um dos pães, provei, fascinado pelo sabor da infância e servi às meninas. Não só esse, outro. E outro. Pães doces diferentes, de diversos recheios e coberturas. O brilho presente naqueles olhos claros sob os finos cabelos loiros me nutria tanto quanto o pão quente e doce que me tocava os lábios. Observava a tudo desejando que aquilo durasse por muito tempo ainda...
Meu celular tocou. Meus olhos se abriram com dificuldade. Do outro lado, Roberta Karen me questionava o motivo da ligação mais cedo. Respondi com a voz rouca que só o sono nos provê. Tentava colocar os pensamentos em ordem... Respirei fundo, saquei os óculos da lateral da cama, os coloquei sobre os olhos e respondi à amiga que me buscava no telefone durante o sono da tarde... Da cena ficaram o calor, os cheiros, os brilhos e os sorrisos... Sorri de maneira sem graça e me levantei... já era quase hora de buscar minha sobrinha no colégio...
Caro leitor, não se furte a viver o que aparentemente não é possível. Muitas vezes, momentos virtuais são tão prazerosos quanto os reais...
A felicidade é sempre verdadeira, seja decorrente do que se passa ou do que poderia se passar... Pense nisso, Reflita Também...

06 setembro 2009

Momento lírico

Hoje, durante uma conversa, brincando, uma amiga me disse:
-Ah, que doutor sem coração!

Parei. Pensei. E disse, sem piscar ou emoções nos olhos, com o olhar perdido:
-Capaz... as mulheres que passaram pela minha vida o fizeram em pedaços. Colhi os cacos e os colei por vezes; mas a cada ocasião em que isso acontecia, pedaços se perdiam... Após algumas vezes, só sombra do que ele foi outrora sobrou no meu peito...

Caro leitor, isso acontece a muitos. Muito mais frequente inclusive do que imaginamos... Já parou pra conceber isso? Pois bem, Reflita Também...

02 agosto 2009

From Ashes, To Ashes

Poor romantic...
Lost in thinking,
Lurking, peering,
Out of semantic.

Able to really find,
Without problems
But like poems,
A new love in mind.

Every fake aliance,
Nearly obsession,
Is his true defiance;

Making a new impression,
In his flesh, with deniance,
To ashes, eternal self -agression.

-------Letting wind blow a little... Being taken by inspiration...
Have never written anything in English before... It's just cause something inside me tells me this one, plenty of feeling, should be told in a language that carries a load of pity in its poems. I don't really know if it was more like Poe or Shakespeare... but it was surelly me.
How many times an idealist romantic is able to create loves inside his mind, based on ashamed smiles, effulgent eyes or scented hair? My heart tells me... you shall not number it, at all...
Come on, dear reader... Reflect about it too...

28 julho 2009

Combinatória (n!)

Não é muito original, dado que acredito estar entre milhões que pensam de mesma maneira, mas vejo o ponto da vida de uma pessoa a que esta chegou como o resultado de uma série de escolhas prévias. escolhas tão numerosas, em infinitas situações, que tornam o presente fruto do produto delas. Seja "sim ou não", "azul, amarelo ou vermelho", "praia ou montanha", "livro, filme ou música", poderíamos estar em qualquer outro lugar, caso a outra opção tivesse sido escolhida.
Bem, exemplifico com um caso fictício:

João amou Maria no momento que a viu. Apaixonara-se pelo sorriso abrangente e ao mesmo tempo contido. Dividiam a mesma turma; tornaram-se amigos. Divertiam-se nos momentos juntos, como se um completasse a cena proposta pelo outro. Alcançaram o grau de complementariedade em que se ó possível antever o que o outro dirá, ou o que o primeiro pensa. João sentia necessidade por mais. Já não queria apenas ter Maria como amiga. Sabia que era capaz de se reapaixonar por ela a cada dia; estava certo de que poderia construir tudo a seu lado. "Juntos podemos tudo". Precisava de uma chance. Prestaria o exame de direção em breve, e era o que precisava. Antes mesmo de fazê-lo em férias, convidou sutilmente Maria para sair. De maneira indireta, superficial, sem por os carros na frente dos bois. Praia seria o ambiente ideal para declarar-se. Com sol a pino, ondas molhando-lhes os pés, servindo água de coco à moça. Fez a prova, passou, pegou o carro e, num dia claro como nenhum outro, de cores quentes e vibrantes, buscou Maria em casa. Tiveram juntos um dia perfeito. Só ele naquele momento podia ver que o sorriso radiante dela se fundia com o cenário, de maneira tão perfeita que a beleza daquela mulher não poderia ser mais natural. Declarou-se. Já segurava a mão de Maria, quando deixou-se levar pelo coração em franca taquicardia e a beijou. A moça retribuiu, com igual paixão. Amor. Recíproco e imutável. Namoraram, viveram, partilharam e decidiram. Noivaram, amaram mais e casaram. Trabalharam, cresceram e envelheceram. Juntos. Fortes. Únicos. Ele sabendo que tivera a mulher de sua vida, e ela amando o homem que fora feito pra si.
Mas a vida é feita de combinações. E pra que isso ocorresse, as escolhas pareadas de tal forma que predispusessem isso, aos 2, somavam uma probabilidade de 1 para 10²³. Nessa situação, João não deixou de passar na prova de direção e ambos tiveram um verão de sol todos os dias. Os 2 não deixaram de se falar pelo acaso, Maria não conheceu melhor Antônio nem foi a uma pizzaria com ele. João e Maria não separaram seus grupos, nem deixaram de se esbarrar em sala e muito menos fingiam não sentir o perfume um do outro quando dividiam a mesma bancada, lado a lado. Os 2 sorrisos não se extinguiram e os olhares não deixaram de ser trocados. Os lábios não se furtaram de sussurrar elogios e de sorrir simplesmente por ver o outro...
A vida é feita de combinações... e nessa combinatória as chances são muitas, nem sempre favoráveis ou presumíveis...
Concorda leitor? Reflita também...

Cinématographe

Há muito tenho vontade de criar uma série de posts aqui, aos moldes do que faço com músicas, trazendo relíquias cinematográficas. A idéia é indicar a película, citando por alto seu foco e pontos interessantes, sem "entregar o ouro", como se diz, deixando pro leitor o deleite de descobrí-lo.
Faço isso hoje, com prazer, motivado pelo fato de ter assistido a mais uma pérola esta noite.

Cinema Paradiso (no original: Nuovo cinema Paradiso) - produção franco-italiana de 1988, escrito por Giuseppe Tornatore. Vencedor do Globo de Ouro e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1990.



Incrível demonstração de como a fascinação de um rapaz pelo cinema pode mover a vida de muitos em uma pequena cidade da Itália no pós-guerras.
Destaque também pra comprovação magistral de que, como muitos dizem, quando algo não é pra ser... simplesmente não o é, seja pelo destino ou desencontros.

Assista... e reflita também...

---- p.s.: explorarei melhor esse tipo de imprevisto do destino no próximo post... forte abraço

Musicalis 8

Flor de Lis - Djavan

Valei-me, Deus!
É o fim do nosso amor
Perdoa, por favor
Eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez
Tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei,
Que amei, que amei, que amei

Será talvez
Que minha ilusão
Foi dar meu coração
Com toda força
Pra essa moça
Me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de lis

E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira,
Poeira
Morto na beleza fria de Maria

E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.

E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu.

---- Percebo que hoje, falta água para os jardins da vida. Já não mais chove, as árvores altas não mais gotejam sobre as plantas mais baixas e sequer um regador, por pena, despeja uma milagrosa aspersão por sobre o verde. Sinto a secura empedrando a terra, rachando-a em blocos... Sem vida, como concreto, se tornou o antigo jardim.
Sei, pois, que nesse caso, sem o lirismo de outrora, nem a flor de Drummond, que se esforçava pra nascer no asfalto, se aventuraria neste ardor que deixa o Agreste com inveja...
Pense nisso leitor... Reflita também...

23 maio 2009

Frase do dia:

"Nem sempre o que se vê é o que se acha que se está vendo..."

----E com base nisso eu digo: quem dera a vida fosse tão simples quanto a fantasia que fazemos em torno dela...

Vida e Luzes na Ala Sul

A cidade ainda me fascina. Não o último subúrbio (de onde vinha o leiteiro de Drummond) com sua calmaria melancólica, sua invariabilidade boçal ou seu quase oficial recolhimento noturno, graças à ausência de alternativas de ocupação tardia. O que ainda me é capaz de fascinar é o movimento que se mantém nas regiões mais burguesas da metrópole depois que o sol se põe. Milhares de pessoas que tomam as calçadas. Jovens que tomam sorvete. Pais fazendo compras em mercados subterrâneos. Mães se exercitando em gigantes academias. Cinemas de rua a pleno funcionamento. Livrarias de longas estantes exploradas por bibliófilos. Hotéis em cada esquina.
E os relógios esquecidos... como não se faz longe daqui, pois só aqui a vida não para entre as 19h de um dia e as 7h do dia seguinte. Pura e simples fascinação de um estranho que, fechado ao longe, perde 12h de vida todos os dias...

Também se sente assim leitor? Com a necessidade de não se fechar ao mundo por horas a fio?
Será que o que é bom, vivo, válido, é guardado a poucos? Pense nisso... reflita também...

26 abril 2009

Frase de Hoje (e comprovação):

"Se Deus tivesse a voz de um cantor, soaria como Andrea Bocelli."
---- é... depois de ir ao show dele, tenho total certeza disso... querem a comprovação? :

Musicalis 7

L'appuntamento - Andrea Bocelli
(tradução)

Tenho errado tanto agora
Que já sei
Que hoje quase certamente
Tenho errado com você.
Mas uma vez mais
O que pode mudar na minha vida
É aceitar que este encontro estranho
Foi uma loucura...

Amor, vem depressa,
Eu não resisto...
Se tu não apareces,
Eu não existo, não existo,
Não existo..
.


Sou triste no meio dessa gente
Que está passando ao meu lado
Mas a nostalgia de te rever
É mais forte que o meu pranto.
Este sol acende no meu rosto
Um sinal de esperança.
Estou esperando que, de improviso,
Te veja aparecer à distância...

Amor, vem depressa,
Eu não resisto...
Se tu não apareces,
Eu não existo, não existo,
Não existo...


Luzes, carros, vitrines, ruas,
Tudo mais se confunde na minha mente.
A minha sombra se cansou de me seguir
E o dia morre lentamente...
Não me resta voltar à minha casa
Para minha triste vida
Essa vida que queria dar a ti
E a desfizestes entre os dedos...

(versão para Sentado à beira do caminho - Roberto Carlos/Erasmo Carlos/Bruno Lauzi)

------- Então leitor... Você já se sentiu completado por alguém de tal maneira que a simples espera se torne um martírio? Que sinta necessária a presença desta por completo? Rogando aos cantos que surja de repente? E percebendo que, na ausência desta, o baque é tamanho que nem a ti mesmo pareces existir?
Como diz a versão original da música: Preciso acabar logo com isso... Preciso lembrar que eu existo... existo... eu existo...
Pense e se expresse leitor... Esse blog é seu, e sua participação é nosso combustível... Não se esqueça: Reflita Também!

06 abril 2009

A moça da flor no cabelo

Que bela é a moça
Da flor no cabelo!
Tem movimentos leves,
Deixa rastros no ar,
Como uma bailarina
Em seu habitat...

Sorri,
E sorrindo
Ilumina o dia!
Emite,
Ao abrir os lábios
Brilho único,
Que contagia...

Faz-se flor
Como a que leva
No cabelo...
Exala torpor
Perfuma o ar,
Desfruta do frescor,
Dona de tudo
Tal qual devia sê-lo.

Torna-se mais,
Beleza em foco.
Com a flor no cabelo
A moça morena
Se destaca
E como a açucena
Se torna um marco.

Simples...
Envergonhada como criança...
Quando observada,
Cerra seus olhos
e descansa...

Sorri sem jeito,
Disfarça sua perfeição,
Finge ter defeito
Como acaso pudesse
E se nem mesmo quisesse
Seu belo e puro coração...

Com delicadeza,
Pisca um só olho,
Ainda com o sorriso
De alteza...

Indica que a moça
Da flor no cabelo
Nunca cede à tristeza.
Gira, roda...
E prossegue sem desdém...

Faz o mundo rodar
Quando a moça
..............[da flor no cabelo
roda em sua dança também!

-----Ah, como é bela a moça da flor no cabelo...

Entre o Espelho e os Cacos

O ar nostálgico que me toma em salvas traz consigo um elemento intrigante. Sempre ouvi que só se deve se arrepender do que não tenha feito; entretanto, nunca captei nada no que diz respeito a arrepender-se pelo que tenha sido. E isso é o que me chega agora.
No auge de 22 anos decorridos desde a data de nascimento, olho-me no espelho como que através de um caleidoscópio. Diferente, plurissignificante, multifacetado; e posso dizer, mesmo assim, que não me reconheço e, caso o fizera, não gosto do que vejo. Produto final do que o melhor vindo dos pais e o pior originado das escolhas individuais poderiam criar. Um ar de sábio, daqueles que nada sabem, e um tanto de salvador, que nem a si mesmo pode salvar. Rio do simples fato de ser visto como cuidador: quero o bem dos outros, dou meu melhor nisso e em nada contribuo para o meu próprio.
No espelho, me olho nos olhos; sorrio sem esperanças e agradeço a mediocridade de mais um dia em que, na verdade, não sou: apenas deixo de ser...

Pense nisso querido leitor... O que vê quando se olha nos espelhos da vida? Gosta do que enxerga? Desgosta? Mudaria algo? Enfim... você já sabe: Reflita também...

21 março 2009

Breve Explicação acerca do Manual Azul

Começo apresentando o background do fato que os apresento hoje. Uma grande amiga minha, já citada aqui, comentou uma vez que o jeito peculiar dos homens agirem, desde meninos até a idade senil, é ditado por algum tipo de regra que só nós conhecemos; um tipo de "guia azul". Pois bem. Após sucessivas tentativas de obtensão do livro pela companheira Lina, venho trazer-lhes um breve histórico acerca deste.
O Manual Azul dos Meninos, também conhecido como رجل سغسووس desde os seus manuscritos originais, e hoje também dito "How to be a Man, for Dummies", é a origem de todos os livros coloridos, sejam eles bons como O menino do dedo verde, ou nem tanto, como o Livro Vermelho de Mao.
Escrito por uma série de homens notáveis ao longo de toda a história humana, tem seu primeiro relato com base nos primeiros irmãos conhecidos: Cain e Abel (ver capítulo "Como aprontar e fazer seu irmão levar a culpa"). Ao longo de suas milhares de páginas, indispensáveis para a vivência do Homem contemporâneo, várias figuras deixaram seus conhecimentos escritos, como Abraão (assina Ibrahin), Julius Caesar, Ghengis Khan, Montezuna, Pedro I do Brasil, Thomas Malthus, Simon Bolivar, Toro Sentado, Conde de Sandwish, Costinha, Ludwig von Beethoven, Tiririca, Alejandro Sanz, Aleijadinho (escrevem por ele), Sir Sean Connery, Maurício de Nassau, Ho Chi Minh, o Soldado Desconhecido, Roberto Bolaños, Benjamin Netanyahu, Adolf Hitler, Zé Bonitinho, Bill Cosby, Vasco da Gama, Imperador Meiji, Zumbi, Rei Davi, Dalai Lama (vários deles), Dmitri Medeleev, Marcelo Malpighi, Giovanni Boccaccio, Bocage, Ziraldo, Mário Covas, Stalin, Jim Carrey, entre outros.
Os 2 tomos encontram-se divididos em 5 tópicos principais: Mulheres, Comidas, Esportes, Transportes e OutrasDiversoes (podendo haver intersecções entre eles), com adendo de outros 3 importantes: Trabalho, Família e Ganhos. São inúmeros capítulos, estes sim mais especificos, como Suporte de Vida na Selva, Jantar com os Sogros, Meu carro pode ser mais potente?, Segunda-feira também é dia de barzinho, Malabarismos Sexuais, Vinhos bons (e baratos), Festas de Fim de Ano na Empresa, etc.
Há que se ressaltar que o guia é tão válido para adultos quanto para crianças, de modo que as devidas adaptações estão já inclusas, como: Minhas pernas tremem quando a Cecília olha pra mim, Como viver no parquinho?, Me dá mais um copo de leite, Hot-Wheels especiais, Dribles e Firulas no Futebol, Desenhos imperdíveis, Mesada um dia acaba?, e Por que diabos aprendo Matrizes em Matemática?!.
Igualmente no fim dos tomos encontra-se uma área de agradecimentos, relatos pessoais de homens que fizeram uso e se beneficiaram desta obra preciosíssima. Um índice detalhado está contido na obra, assim como um resumo com os 100 mandamentos do Homem, na última página.
Infelizmente, apenas os indivíduos XY têm acesso a tal obra, que se abre mediante a comprovação genética/cromossômica do portador. Deste modo, Lina, caríssima, poderemos apenas dar-lhe algumas dicas, mas a srta nunca terá total e irrestrito acesso a obra...
"Um livro de Homens, feito por homens para homens"

sem mais, beijos mil,
Vinicius Fonseca
colaborador da Obra,
autor do Capitulo "Booom de testosterona precoce reduz altura, mas tem suas vantagens"

p.s.: O grande Amigo Hugo fez questão de comentar que Chuck Norris escreveu o prefácio do manual (de uma sentada só, com papel à mão, sem nenhuma caneta... nem vírgulas...).

10 janeiro 2009

Lagos Translúcidos nas calçadas da Cinelândia

A vida não tem esquinas, já disseram certa vez; mas a Cinelândia com certeza tem. E foi nessa exata esquina que passei por uma situação única na quarta-feira última.
Voltava eu de uma reunião no Centro com uma professora minha, e já tomava o caminho do metrô, quando fui convidado pela mesma para tomar um suco no espaço vizinho ao Odeon. Andávamos pela calçada larga, tomada de gente, mas tranquila, conversando sobre trabalho de uma maneira leve, que só o típico verão do Rio de Janeiro permite.
Não sei se por falta de hábito com a paisagem peculiar do centro da cidade ou por receio de andar no meio de tantas pessoas, eu prestava atenção em tudo ao entorno. Desde as pedras caprichosamente colocadas (e igualmente faltosas) formando o chão em mosaico até as esparças árvores que fazem falta no meio de tanto cinza da metrópole.
Esforçando-me para não tropeçar na infinidade de coisas que nos cruzam o caminho nesses lugares, desviei, sem muito propósito, quase que involuntariamente, de duas pessoas que cuidavam de uma banquinha no chão. Um rapaz à direita, agachado, e uma moça à esquerda, sentada sobre uma canga, que servia como base para as bijuterias que estavam à mostra.
O rapaz, de costas para mim, exibia algo para a moça, que observava com atenção.
Sem que eu pudesse segurar, no meu inconsciente veio o pensamento: "ah, os hippies em todo lugar... ainda existe gente assim!?", mesmo enquanto eu conversava sobre algo totalmente diferente, demonstrando a pluricapacidade da mente humana. Da preconceituosa mente humana. As roupas batidas, o lenço no cabelo da jovem, os dreds no do rapaz e o comércio de trabalho manual automaticamente me remeteram a isso. E só o que eu pensava no momento era como poderia haver pessoas que se furtassem de uma vida "regrada" e que pudessem se tornar alheias a uma formação necessária para o mundo de hoje...
Ao me aproximar, a jovem levantou o rosto ainda sorrindo, desviando o olhar que encarava o rapaz, ainda de costas pra mim, e repousou sobre os meus olhos os dela. Os olhos mais verdes e vivos que eu já pude observar em toda a minha vida. Contrastavam com o delinear negro nas pálpebras e o branco muito límpido da pele. Me olhou com uma força não instintiva, mas intrínseca àquelas translúcidas íris, que mais pareciam dois grandes lagos nas calçadas da Cinelândia. Eram tão abrangentes, tão expansivos, que não me admiraria que fossem capazes de conter toda a imensidão de coisas que os cercava no momento. Me senti invadido, exposto. Parecia que aqueles olhos, ao tocarem os meus, poderiam ver minh'alma. Não desviei o olhar, como de costume ocorre quando olhares se tocam nas ruas, shoppings ou supermercados. Meu pensamento, agora, era puro. Se purificara, na verdade. De nada me envergonharia pensar que eu precisasse omitir daquele Oráculo à minha frente.
Desacelerei o passo, pedi que os segundos se extendessem. Deixei que por mais tempo ela repousasse a esperança sobre mim, pobre e descrente pedestre da selva de pedra. Senti como se me afogasse num lago profundo, mas sem angústia... Sentia conforto, na verdade.
O caminhar deu fim ao elo, por mais que eu não quisesse. Segui o caminho, voltei à realidade, acabou.
Por fim me perguntei quem era eu pra questionar a maneira como eles levavam a vida... Se convicções são prisões, e estou preso à minha, não poderiam eles estarem certos e eu, errado?
A vida é curta, o mundo nos apressa e a velocidade transforma de maneira inescrupulosa...

Vestiam roupas surradas, muito simples, mas era possível sentir a felicidade ali...


***Espero que tenha gostado leitor... não se esqueça: Reflita Também!

04 janeiro 2009

Mandamentos para um Novo Tempo

Refletindo acerca da contemporaneidade, cheguei à conclusão de que o Homem precisa de novas diretrizes. Seguir novos rumos, se embasar em novos valores, um tanto próximos de outros já consagrados, mas com o intuito de tornar pleno o seu viver, retornar a um rumo ideal, há muito deixado de lado. Parei, pensei, e cheguei a esses 10 tópicos. Leis. Mandamentos para uma vida nova.

1- Faz o que amas, evita forçar-te a amar o que fazes.
-Opta por realizar aquilo que te faz bem-


2- Não te aproximas em demasia de quem não te trata como prioridade. -Ser alternativa para outros te consome aos poucos,
sem que percebas-


3- Reconhece teu limite, não o ultrapassas conscientemente.
-Zela por ti e guarda teu bem-estar sobre tudo-


4- Não te bastas a beijar uma flor, se a flor que desejas não podes beijar. -Luta pelo amor que te cabe-

5- Jamais te furtas do convívio dos que elegeste dignos de tua companhia. -Fica junto, ensina e aprende todos os dias-

6- Deixa que as palavras te aflorem à boca.
-E com elas, enfeita os lábios com sorrisos; teus e dos outros-


7- Adiciona música à tua vida.
-Faz um mundo sonoro, e capacita-te a ouví-las dentro de ti-


8- Aprende com as crianças.
-Como elas, passa a ver todos os lados de uma mesma situação-


9- Adentra teu mundo. -Faz parte dele, capta o sol, molha-te no mar e consome o vento como fruto igual da Criação que também o és-

10- Por fim, Sonha. Mas não te esqueças de viver.
-Sonhar vivendo é dádiva, viver sonhando é lástima-


Pois bem, caro leitor. Defendo como início de uma nova vida estas máximas. Não venho trazer verdades a todos, ou impor credulidades próprias aos demais. Digo que estas linhas ME guiarão. Quero que você se sinta à vontade em criar as suas, ou se lhe agradar, usar mesmo estas... À vontade. Meu intuito é pura e simplesmente fazê-lo pensar. E lembre, Reflita Também...

30 dezembro 2008

Auto de Natal

O último dos meses atravessa meus dias
.............................................[como uma adaga
Se espalha como um manto
O gosto acre me torna à boca
E experimento novamente a inanição.
.............................................[Está no ponto!

"Esperança!" gritam mundo afora...
E eu ouço. E ouço. Repito mentalmente,
E nada faço...
Pois mãos efêmeras e lânguidas arrancam,
Fio a fio, a tecelagem do motivo.

Na primeira vez é o novo.
Da segunda, tira-se o espanto.
Surpresa pela falta de reatividade, mais: de atividade,
De um corpo alheio à multidão em vermelho.

Liberto-me. Mentira, me entrego.
Frente àquele nascimento, surgiria-me a força.
E nada me faria mal, dado que tudo posso
.............................................[naquele que me fortalece.

Caio. E ao cair, me perco
Fujo da vivência, desfaço a convivência
Já não questiono...
Sinos tocam, a comida é posta
.............................................[e nada faço

Na primeira, tristeza
Hoje, indiferença...

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Em tempo: agradeço à rósea amiga Lina pelo pequeno conserto. ;)

28 novembro 2008

Calmaria

Incrível a capacidade de memória humana...

Desde muito cedo, eu sempre imaginei que o cérebro das pessoas funcionasse como grandes armários de arquivos e que tudo ali guardado estivesse dividido por temas. Uma gaveta para comidas já provadas, outra pra roupas já vestidas, uma terceira para texturas já experimentadas. Mas o que sempre me motivou mais a pensar desta maneira, é que dificilmente se esquece uma música já ouvida... e isso embasava a minha tese. A gaveta de "Músicas Ouvidas" deveria ser a maior de todas; reunindo informações desde a primeira cantiga de ninar, até a pior música que a pessoa já teve o desprazer de pegar mesmo que alguns segundos.

Hoje, sem motivo aparente, pude ouvir de maneira cristalina uma música dentro da minha mente. Praticamente uma alucinação auditiva, de tão perfeita. Mas eu me lembrava pouco da música em questão. Poucas e doces notas, parte de um verso do que parecia o refrão...e a curiosidade que me mata naturalmente. Lancei-me numa busca árdua pela internet, equiparando os 2 maiores arquivos do mundo. Um criado pelo Homem, o outro planejado pelo seu Criador. E encontrei.
Brindo meus leitores com essa pérola... um presente a mim, dado por uma cabeça confusa, mas de muito bom gosto.

Com vocês:
Flávio Venturini e Caetano Veloso em "Céu de Santo Amaro"

Azul-Carolina

Azul claro como o dia!

Não só um, mas

Qual dizia...


Se na Terra algo havia,

Com o mar em cantoria

Toa cantos de Maria


Se de pronto, à revelia,

Faz feliz, como à Cecília.

Luz incisa na piscina

Puro aroma sem rotina...


Sopra o vento,

Vira esquina,

Gira e vira qual cortina!


Faz da cor,

Beleza fina...

Bela como Carolina...



Em homenagem a essa estrelinha que eu tenho a grande honra de ter como amiga.
Obrigado, anjinho dos cachinhos dourados, por existir e me fazer crer na humanidade ainda, viu?
Dedicado também às pessoas que têm amigos queridos assim como eu... eles são grandes presentes... Parem pra pensar nessas bençãos... Reflitam também...

p.s.: Pra quem duvidar da veracidade do tema:
http://en.wikipedia.org/wiki/Carolina_blue

06 novembro 2008

Musicalis 6

En el Muelle de San Blas
(Maná / Fher)

Ella despidió a su amor
Él partió en un barco en el muelle de San Blas
él juró que volvería
y empapada en llanto ella juró que esperaría
miles de lunas pasaron
y siempre ella estaba en el muelle
esperando
Muchas tardes se anidaron
se anidaron en su pelo
y en sus labios

Llevaba el mismo vestido
y por si el volviera no se fuera a equivocar
los cangrejos le mordían
su ropaje, su tristesa y su ilusión
y el tiempo se escurrió
y sus ojos se le llenaron de amaneceres
y del mar se enamoró
y su cuerpo se enraizóen el muelle

Sola
sola en el olvido
sola
sola con su espíritu
sola
sola con su amor en mar
solaaaaaaaa
en el muelle de San Blas

Su cabello se blanqueó
pero ningún barco a su amor le devolvía
y en el pueblo le decían
le decían la loca del muelle de San Blas
y una tarde de abril
la intentaron trasladar al manicomio
nadie la pudo arrancar
Y del mar nunca, jamás la separaron

--Uma bela poesia, caros leitores. Mesmo em espanhol, o entendimento não é difícil não... O ponto de hoje é: qual é o limite de um amor? Até quando é possível se doar sem errar consigo mesmo ou desistir e abandonar uma convicção? Bela história...Pensem... Ponderem... Reflitam também...

Em tempo:

...para não excluir ninguém do entendimento...

Resposta a "O certo e o errado "

Semanas se passaram... Meses correram desde então... mas o artesão, já de volta ao seu vilarejo, sofria com o questionamento em sua mente, que o fazia sentir como se houvesse decorrido apenas algumas horas desde aquele fatídico momento. Já havia retornado a seu ofício, trabalhado madeira, metal, fogo, terra, água... mas o cristal não saía de seu pensamento. Os cristais. Ambos. Irmãos. Semelhantes e tão diferentes.
Lá fora um rapaz gritava: "Nova feira de materiais na cidade vizinha! Venham! Venham!"
Rapidamente o artesão vestiu suas roupas de viagem, alcançou a algibeira e lançou-se em direção ao povoado próximo. Chegando lá, tomou o rumo imediato de onde encontrara previamente o mercador viajante, e lá estava, novamente o senhor que já conhecia. Mostrava-se triste. Ao ser questionado, revelara que desistira da vida de mercador, e que sua ganância e seu desejo de ter tudo para si haviam destruído sua vida.
Lembrou-se de imediato do artesão e sem pensar 2 vezes pôs sobre a mesa da barraca os 2 cristais. Disse-lhe: "Escolha rapaz, podes levar 1 deles!". O artesão sentiu novamente o aperto no peito de meses atrás. Mas desta vez, pode observar ambos os cristais sem pressa. O primeiro ele já conhecia bem; tinha o mesmo ar altivo, mas estava empoeirado agora, perdera um pouco de seu brilho. Ainda era belo e fino, mas tinha sua beleza afrontada pelo cristal irmão ao lado. Olhou o segundo, o que lhe havia sido oferecido como alternativa da primeira vez. Espantou-se por não tê-lo percebido as características antes. A cor não era ligeiramente diferente, à luz do dia, intensificava-se e mostrava-se de um verde lindíssimo, que mudava seu tom de acordo com o ângulo que lhe era imposto ao sol. Este, ao cruzá-lo, deixava raias esperançosas sobre a bancada. O artesão teve certeza que estes feixes poderiam iluminar toda uma casa e assim, a dúvida que lhe era aguda por falta de informações, se tornou crônica por excesso destas. Não mais pensava, apenas sorria ao ver belezas iguais e díspares ao mesmo tempo. Não há certo. Não há errado. A escolha não existe de verdade...

Pense nisso leitor. Reflita também...

05 agosto 2008

Angústia

Graciliano Ramos, em um de seus mais aclamados livros, relata o desespero de um homem, que entrevado em uma cama, ouve tudo à sua volta sem poder se expressar. É esta Angústia que nomeia sua obra. Passo agora por uma inquietude... De certo nem se compara à do protagonista em questão, mas que me abala por dentro. Me aperta o pescoço. Me faz querer gritar, e gritanto, expulsar o peso do peito... sem mais...

18 julho 2008

Musicalis 5

Há muito não deixo belos versos de poetas/músicos aqui para vocês. Percebendo isso, vos brindo com uma das mais fascinantes letras da música brasileira:

O que será (À flor da pele) - Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

------O que será isso leitor? Você já experimentou?

Pois lhe digo: não caia na tentação de provar algo que vicia, sem que tenha a certeza de que o fator adicto nunca lhe será negado... Caso contrário, passará também pela falta, a crise e a abstinência a que muitos são dispostos por se aventurarem a buscar o complemento supressor de suas ânsias.
Pense nisso, Reflita Também...